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Fraude na raríssimas


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Como a política, a banca e os negócios apadrinharam Paula, a “Raríssima”

11.12.2017 às 15h58

Da banca à política, passando pelas empresas e fundações, nunca faltaram madrinhas e padrinhos à presidente da Associação “Raríssimas”, agora investigada pela PJ. Quem é ela e quem lhe deu a mão?

 

Se até há dias alguém quisesse saber o quanto a Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras estava bem integrada no sistema de vasos comunicantes do regime, bastaria dar uma olhada ao Conselho Consultivo de Reflexão Estratégica da instituição sem fins lucrativos, cujo endereço eletrónico ficou entretanto inacessível. Aquele órgão, presidido por Leonor Beleza (ex-ministra da Saúde e presidente da Fundação Champallimaud), foi sempre uma espécie de dream team nacional, pelo menos em diversas áreas políticas e profissionais. Senão, vejamos: além do consultor de comunicação António Cunha Vaz, dele fazem parte, entre outros, Fernando Ulrich (presidente não executivo do BPI), Isabel Mota (antiga deputada do PSD, ex-secretária de Estado e atual presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian), Graça Carvalho (ex-Ministra da Ciência e do Ensino Superior nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes), Maria de Belém (ex-ministra da Saúde em governos socialistas e ex-candidata presidencial), Roberto Carneiro (ex-ministro dos governos de Cavaco Silva) e Rui Santos Ivo (atual vice-presidente do Infarmed e antigo diretor executivo da Apifarma, a associação que representa a indústria farmacêutica).

O conselho consultivo foi “criado com a finalidade de agilizar ações que movimentem, de forma expressiva, toda a sociedade portuguesa, em prol daqueles que sofrem de doenças raras”, estando aí representadas as áreas que interessam à associação: finanças, política da saúde, medicamentos, educação e comunicação. Da assembleia-geral fizera parte o agora ministro Vieira da Silva e a antiga deputada do CDS, Teresa Caeiro. Também Maria Cavaco Silva foi a madrinha da Raríssimas nos anos em que a Presidência da República esteve entregue ao marido, Aníbal. Por influência do casal, a rainha Letizia, de Espanha, foi apresentada à presidente da instituição e visitou as instalações da Casa dos Marcos, um centro de acolhimento na Moita para pessoas com doenças raras criado debaixo do chapéu da Raríssimas e de uma fundação entretanto dada como inativa.

Há dias, porém, toda esta maquilhagem começou a desbotar.

Segundo uma investigação da TVI, a presidente Paula Brito e Costa, de 50 anos, terá usado a instituição para seu benefício e de familiares, usufruindo de quase seis mil euros de rendimentos mensais e de um BMW cujo pagamento é suportado pela Raríssimas. Apesar dos apoios do Estado – só o Ministério do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social deu 875 mil euros este ano - a associação está mergulhada em problemas financeiros há vários anos e é alvo de ações que reclamam mais de 152 mil euros no âmbito judicial. Mesmo assim, Paula Brito e Costa, que está a ser investigada pela Polícia Judiciária, é suspeita de gerir de forma despesista a instituição e de usar dinheiro da mesma para compras em supermercados, vestuário e outros gastos luxuosos sem correspondência com a atividade da associação. Em causa estarão os crimes de burla, falsificação de documentos, peculato e administração danosa. Na reportagem, foram ainda revelados dois casos polémicos envolvendo a Raríssimas: um contrato com Manuel Delgado, atual secretário de Estado da Saúde, que, enquanto consultor, terá recebido cerca de 3 mil euros mensais da instituição entre 2013 e 2014; e o alegado pagamento, em 2016, de uma viagem a Sónia Fertuzinhos, deputada do PS e casada com o ministro Vieira da Silva, ao estrangeiro, embora aquela parlamentar socialista já tenha garantido que a organização da conferência sobre doenças raras na qual participou devolveu o valor à Raríssimas. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz-se satisfeito com o facto de o Governo ter aberto "um inquérito para apurar até ao fim aquilo que aconteceu", mas deixou um recado: "Que não seja preciso denúncias para o Estado saber o que se passa nestas instituições". A associação fala, entretanto, em "acusações insidiosas" e "informações manipuladas", prometendo reagir em breve de forma mais fundamentada.

DO GINÁSIO AO SOCIAL

Residente em Caneças, medalha de ouro da Câmara Municipal de Odivelas e frequentemente citada nos eventos sociais noticiados pelas revistas “cor-de-rosa”, Paula Brito e Costa é casada e tem um filho (o outro, Marco, faleceu com uma doença rara e, segundo o seu testemunho, foi a inspiração para criar a Raríssimas). Natural de Loures, filha de um casal alentejano (ele fuzileiro, ela doméstica), Paula deu aulas de ginástica de alta competição e foi manequim profissional durante nove anos. “Nunca ganhei tanto dinheiro na vida”, revelou numa entrevista ao jornal i, em 2011, estávamos ainda longe do sucesso da Raríssimas. Pelo meio, ainda frequentou a licenciatura de Filosofia, mas nunca chegou a terminar o curso. Casou com o seu mestre de artes marciais e costuma dizer que só Deus e o marido a conhecem bem. Enquanto presidente da Federação das Doenças Raras de Portugal (Fedra) – suspendeu o mandato em março deste ano – Paula Brito e Costa envolveu-se na edição do livro Doenças Raras de A a Z, cujos volumes foram promovidos pelo Ministério da Saúde. De resto, o trabalho desenvolvido pela Raríssimas valeu-lhe, no ano passado, o Prémio Manuel António da Mota, no valor de 50 mil euros, tendo a presidente da associação anunciado, na altura, estar apostada na internacionalização.

Habitualmente critica dos poderes públicos, Paula Brito e Costa considera que a maioria dos políticos “olha para os representantes das associações como uma ameaça” e chegou a vangloriar-se, na já citada entrevista ao i, de ter enviado um e-mail a um ministro da Saúde a explicar qual era a definição de democracia no dicionário, mas recusou dizer o nome do destinatário. “O que salva Portugal é ter gente muito boa a fazer muita coisa boa pelo País", assinalou. "Tenho pena que os políticos, na sua grande maioria, não sejam capazes de ver isso e minimizem os problemas”.

Não obstante aplaudir o “princípio da transparência” das instituições, como fez no ano passado em declarações ao DN, Paula Brito e Costa parece agora ter sido vítima das suas próprias palavras. Haverá muito para desvendar sobre a gestão financeira da associação e já corre uma petição pública com centenas de assinaturas a reclamar a demissão da presidente. Se em criança, Paula tinha “de comer com ovos debaixo dos braços” para aprender a comportar-se à mesa, agora vai precisar de mais verniz e alguma ginástica para explicar como geriu a Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras. Pelos vistos, as boas maneiras e as amizades influentes já não chegam.

 

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Raríssimas. PJ faz buscas na Casa dos Marcos e na casa de Paula Brito e Costa

21 dez, 2017 - 09:17

A operação decorre do inquérito que o Ministério Público tem em curso sobre a alegada gestão danosa de Paula Brito e Costa nas duas instituições.

A Polícia Judiciária estará a fazer buscas na casa da ex-directora da associação Raríssimas e na Casa dos Marcos, a instituição de que Paula Brito e Costa ainda é directora.

A acção – que a Renascença apurou ser decorrente do inquérito em curso no Ministério Público e que o “Diário de Notícias” diz implicar dezenas de inspectores – surge na sequência das denúncias de gestão danosa por parte daquela responsável, através de uma reportagem da TVI.

A investigação jornalística mostrou documentos que colocam em causa a gestão de Paula Brito e Costa à frente da instituição de solidariedade social e um alegado uso do dinheiro destinado à associação Raríssimas e à Casa dos Marcos (criada para tratar e acolher pacientes com doenças raras) em gastos pessoais.

O caso já provocou a demissão do secretário de Estado da saúde Manuel Delgado, que em 2013 e 2014 foi consultor da Raríssimas, com um vencimento de três mil euros por mês, tendo recebido um total de 63 mil euros.

O inquérito judicial corre no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e, esta manhã, a Polícia Judiciária estará a analisar os dados guardados no computador de trabalho de Paula Brito da Costa.

Há notícias que dão conta de buscas também no gabinete do antigo secretário de Estado Manuel Delgado.

Na quarta-feira, a direcção da associação Raríssimas anunciou a suspensão preventiva de Paula Brito e Costa por um período de 30 dias – isto, no mesmo dia em que a ainda directora da Casa dos Marcos se apresentou ao trabalho, sob o protesto dos funcionários, para não incorrer num processo de despedimento por justa causa.

http://rr.sapo.pt/noticia/101263/rarissimas-pj-faz-buscas-na-casa-dos-marcos-e-na-casa-de-paula-brito-e-costa?utm_source=rss

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Ontem a menina em questão foi ao "trabalho" com o marido e filho e dois seguranças. Os trabalhadores saíram todos, entretanto vê se em imagens um dos seguranças a levar uma mala para o carro. Isto de manhã. 

A tarde sai notícia da suspensão da menina, impossibilitando a ida dá menina ao "trabalho". 

Muita coincidência, que ela foi lá de manhã e saiu de lá carregada..... 

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  • 2 weeks later...
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“Vai ser uma luta”. Sucessora de Paula Brito da Costa avalia missão à frente da Raríssimas

Jornal Económico com Lusa

16:09

A presidente eleita da associação Raríssimas defendeu hoje a importância de a instituição continuar a existir como "balão de oxigénio" para crianças com doenças raras e suas famílias, assumindo que vai ser "uma luta".

 

“Não vai ser simples, vai demorar tempo e vai ser uma luta, mas estamos cá para ela”, afirmou aos jornalistas Sónia Margarida Laygue, que quer as contas da instituição auditadas e reunir-se com o Governo para a tutela contribuir para solucionar os problemas da Raríssimas.

Quanto à presidente demitida, Paula Brito da Costa, e aos ex-membros da direção em investigação por suspeitas de irregularidades na gestão, defende que não devem voltar, pelo menos até haver conclusões.

“Enquanto houverem processos na justiça, as pessoas implicadas devem ser afastadas”, declarou, considerando que “não seria moral e eticamente aceitável” que voltassem a cargos na instituição.

Sónia Margarida Laygue ressalvou que não tira “de forma alguma o mérito a quem criou” a Raríssimas.

A presidente eleita, que tomará posse na próxima sexta-feira com os outros membros da lista que liderou para preencher os lugares deixados vagos pela demissão dos ex-membros, salientou que “é essencial e determinante para as famílias que a Raríssimas continue”.

Mãe de uma menina de três anos que é diariamente assistida na associação, afirmou conhecer bem a resposta dada a pessoas “que de outra forma não teriam qualquer tipo de apoio e assistência para terem meios de se superarem todos os dias”.

“Tenho toda a motivação dentro de mim para continuar este projeto”, garantiu.

A nova dirigente pretende, como um dos primeiros atos, saber se as contas da instituição foram auditadas para compreender o “estado da nação” que vai assumir com a sua equipa.

Considera ainda importante “falar com o Governo diretamente” para que a tutela colabore na resolução dos problemas.

A lista liderada por Sónia Margarida Laygue foi hoje aprovada pela maioria dos sócios que compareceram na assembleia geral extraordinária da Raríssimas, menos de cinco por cento dos 566 associados ativos.

Preenche cinco lugares efetivos na direção, onde permanecem quatro membros da anterior.

Foram ainda eleitos três novos membros para o Conselho Fiscal da instituição.

Paula Brito da Costa, fundadora da Raríssimas, demitiu-se da presidência após uma reportagem da TVI em que se levantavam suspeitas sobre a sua gestão.

Foi constituída arguida no âmbito da operação Raríssimas desenvolvida pela Polícia Judiciária e Ministério Público, que está a ser conduzida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

A investigação da TVI mostrou documentos que colocam em causa a gestão da instituição de solidariedade social, nomeadamente de Paula Brito da Costa, que alegadamente terá usado o dinheiro para diversos gastos pessoais.

 

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Acabei de vir de Pt de férias e desculpem em geral o nosso povo é mesmo burro , têm a mania de serem uns senhores e são uns asnos , tanta revolta com isto mas depois vão votar em criminosos para presidentes , épá vão comer palha !

 

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1 hour ago, NOX said:

Acabei de vir de Pt de férias e desculpem em geral o nosso povo é mesmo burro , têm a mania de serem uns senhores e são uns asnos , tanta revolta com isto mas depois vão votar em criminosos para presidentes , épá vão comer palha !

 

digo isso tantas vezes, qual USA qual quê

 

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3 hours ago, NOX said:

Acabei de vir de Pt de férias e desculpem em geral o nosso povo é mesmo burro , têm a mania de serem uns senhores e são uns asnos , tanta revolta com isto mas depois vão votar em criminosos para presidentes , épá vão comer palha !

 

Cavaco likes this.

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  • 1 month later...
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Governo recusa pedido de reconhecimento da Fundação Raríssimas

7fev201811:29

 

A ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, recusou o pedido de reconhecimento da Fundação Raríssimas, segundo um despacho publicado hoje em Diário da República.

“Indefiro o pedido de reconhecimento da Fundação Raríssimas”, refere o despacho assinado por Maria Manuel Leitão Marques.

A decisão foi tomada com base na Lei-Quadro das Fundações e depois de ouvidos os serviços competentes do Ministério da Solidariedade Emprego e Segurança Social e analisados os fundamentos constantes nas informações sobre o processo administrativo.

A criação da fundação era uma intenção da ex-presidente da Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras (Raríssimas) Paula Brito e Costa, tendo o pedido de reconhecimento da Fundação Raríssimas dado entrada na presidência de Conselho de Ministros em abril do ano passado.

A Raríssimas é uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) que recebe financiamento do Estado, cuja gestão foi colocada em causa por uma reportagem da TVI, exibida em 09 de dezembro.

Uma reportagem divulgada em dezembro pela TVI denunciou alegadas irregularidades na associação, incluindo o uso indevido de dinheiro da IPSS para fins pessoais, visando em particular a fundadora e, até então, presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, que, entretanto, se demitiu do cargo.

Paula Brito da Costa foi constituída arguida no âmbito da operação Raríssimas desenvolvida pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público, que está a ser conduzida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Este caso provocou, no dia 12 de dezembro, a demissão do secretário de Estado da saúde Manuel Delgado, que a TVI noticiou ter sido consultor remunerado da associação, contratado entre 2013 e 2014, com um vencimento de três mil euros por mês.

Em 03 de janeiro, foi eleita em Assembleia-Geral Extraordinária uma nova direção da Raríssimas com base numa lista apresentada por pais de utentes e funcionários da associação, presidida pela socióloga Sónia Margarida Laygue, mãe de uma criança de três anos com uma doença rara.

Na cerimónia de posse, em 05 de janeiro, Sónia Margarida Laygue elegeu como prioridades "esclarecer a situação financeira da instituição, manter o financiamento e apoios previstos nos próximos meses" e "retomar a confiança de todos os parceiros".

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/governo-recusa-pedido-de-reconhecimento-da-fundacao-rarissimas

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  • 2 months later...
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Presidente da Fundação “O Século” recebia 5500 euros mensais e não justificou quase 10 mil euros de despesas

10.04.2018 às 9h22

A VISÃO teve acesso às conclusões da auditoria da Segurança Social que levaram o Ministério Público a fazer buscas na Fundação “O Século” e a constituir como arguidos o ex-presidente e ex-vice-presidente daquela instituição. Os resultados são arrasadores: familiares nomeados pelo próprio presidente e gastos avultados – e não justificados – com os cartões de crédito daquela IPSS

SÍLVIA CANECO

Jornalista

O anterior presidente da Fundação “O Século” – que foi substituído no cargo, na passada semana, por António Júlio de Almeida, ex-presidente da EMEL – recebia 5480 euros mensais pelas suas funções à frente da instituição que ficou conhecida sobretudo pela sua histórica colónia balnear. João Ferreirinho, seu número dois - e que a par do primeiro também foi constituído arguido pelo Ministério Público por suspeitas de abuso de poder e uso dos dinheiros da Fundação para fins pessoais – recebia 4932 euros. A par disto, o presidente gastou, só em 2015, 2579 euros em gasolina e 15 mil euros em cartões de crédito – dos quais, “9379 euros não se encontravam fundamentados”. Já o vice-presidente, que tinha direito a senhas de gasolina até 250 euros mensais, recebeu, em 2015, ainda 2674 euros por quilómetros feitos em viatura própria. Emanuel Martins ainda contratou uma série de familiares, entre os quais a sua companheira, para uma empresa mediadora de seguros que à data ainda nem existia. E fez gastos avultados em restaurantes como “A Casa Galega”, com custos que rondavam os 30 euros por pessoa.

Estas são algumas das conclusões de uma auditoria da Segurança Social à Fundação “O Século”, a que a VISÃO teve acesso. Essas averiguações, concluídas em janeiro de 2017, viriam a dar origem a um inquérito do Ministério Público, a duas operações de buscas à instituição, e à consequente constituição de arguido do ex-presidente e ex-vice-presidente daquela IPSS por suspeitas de crimes praticados durante a sua gestão.

As suspeitas do Instituto da Segurança Social, que tinham por base duas denúncias anónimas que alertavam para o elevado salário e despesas de representação do então presidente, Emanuel Martins, e para a contratação de vários familiares do presidente e do vice-presidente (João Ferreirinho), levaram os técnicos a deslocar-se seis vezes à Fundação em 2016 (a primeira foi a 11 de maio de 2016) e a ouvir cinco funcionários responsáveis por áreas tão importantes como a contabilidade ou os recursos humanos. A VISÃO contactou nos últimos dias Emanuel Martins, na tentativa de obter esclarecimentos sobre esta e outras questões. O ex-presidente da Fundação e ex-vereador da câmara de Oeiras respondeu que não desejava responder “a absolutamente nada”.

A CONTRATAÇÃO DE FAMILIARES

A VISÃO já tinha revelado em janeiro, depois das primeiras buscas à Fundação “O Século”, que aquela instituição que todos os anos levava centenas de crianças pobres à praia, estava dominada por familiares do presidente, Emanuel Martins, e por amigos seus da maçonaria. A auditoria financeira da Segurança Social comprovou essas ligações familiares. Emanuel Martins era pai de Cláudia Martins, secretária do conselho de administração da Fundação desde Julho de 2013, e de Mário Martins, admitido como vigilante em agosto de 2012, num contrato assinado pelo próprio pai. Já o então vice-presidente, João Ferreirinho, era pai de Rita Ferreirinho, que acumulava as funções de arquiteta do gabinete de estudos e projetos e de técnica de recursos humanos.

Nuno Mártires, enteado de Emanuel Martins, foi admitido como encarregado dos Serviços Gerais em 2015. O contrato foi assinado pelo vice-presidente, sem qualquer “ata que justificasse a sua contratação”. Carla Teixeira, nora do então presidente, foi então em setembro de 2016 como empregada de balcão. O contrato de trabalho, e a atribuição de subsídio de função, foram assinados por Emanuel Martins, seu sogro.

Carlos Mártires, também enteado de Emanuel Martins, foi contratado como director de compras em fevereiro de 2013. O seu contrato foi assinado pelo então presidente da Fundação. Vanessa dos Mártires, que seria companheira de Carlos Mártires, prestou à Fundação serviços de nutrição.

Emanuel Martins admitiu ainda como colaboradora da mediadora de seguros d’O Século “a sua mulher Fernanda Martins”. A auditoria sublinha que aquela funcionária já recebia vencimento ainda a empresa de seguros não estava constituída.

Para além da contratação destes familiares, a auditoria deu ainda como provada a contratação de Ana e Sara Furtado e de Jaime Gomes. Segundo a primeira denúncia, as primeiras eram filhas de um irmão da Maçonaria e Jaime Gomes amigo do presidente.

Muitas destas situações, concluiu o relatório da Segurança Social, “contrariam” normas que ditam que “os titulares dos órgãos não podem votar em assuntos que directamente lhes digam respeito, ou nos quais sejam interessados os respectivos cônjuges ou pessoa com quem vivam em condições análogas às dos cônjuges, ascendentes, descendentes ou qualquer parente ou afim em linha recta ou no 2º grau da linha colateral”.

Nas respostas a estas conclusões da Segurança Social, a que a VISÃO também teve acesso, o conselho de administração da Fundação “O Século” defende-se, dizendo que “não é casado, pelo que a ex-mulher e filhos ou noras desta não são seus familiares”.

REMUNERAÇÕES E OUTRAS REGALIAS

Para além dos 5480 mensais de salário, Emanuel Martins tinha ainda direito a uma viatura e um telemóvel da Fundação, para uso total, sendo os gastos suportados pela instituição. João Ferreirinho, além dos 4932 euros de salário, tinha também um telemóvel e recebia 250 euros mensais em senhas de gasolina. Em 2015, recebeu ainda 2674 euros por quilómetros gastos em viatura própria. Estes dois membros executivos dispunham ainda de cartões da BP para abastecimento dos carros - no ano de 2015, os gastos com o combustível do carro do presidente ultrapassaram os 2500 euros – e cada um usufruía ainda de dois cartões de crédito, com um limite de crédito de 5 mil euros cada, e que eram usados para pagamento de refeições, entre outros gastos. De acordo com os extratos bancários dos cartões de crédito, nesse ano Emanuel Martins gastou mais de 15 mil euros, dos quais 9379 euros não estavam “devidamente documentados”. João Ferreirinho gastou 4689 euros em alimentação e 3720 euros em despesas de representação. “Estes gastos estavam suportados, mas não justificados”, concluiu a auditoria financeira.

Os membros não executivos recebiam 1200 euros mensais a título de senhas de presença, pela participação em até três reuniões do Conselho de Administração. Para além dessas três, a participação numa nova reunião dava direito a mais 500 euros.

A análise a estes salários e gastos levou a Segurança Social a concluir que os gastos com o pessoal e administração excederam dois terços do montante dos rendimentos anuais, desrespeitando a Lei-quadro das Fundações. As conclusões da auditoria ditam que “nem todos os procedimentos” da Fundação salvaguardaram uma “prática de transparência e rigor”: “Sendo esta fundação equiparada a IPSS devido ao importante papel e peso que desempenha na economia social, reforçam-se as exigências de transparência relativamente às actividades que realiza e aos recursos que utiliza.”

Um dos 18 carros da Fundação era um Volkswagen Passat que era usado por Emanuel Martins – e que, como a VISÃO revelou ontem na edição online, terá sido vendido, em fevereiro, a um dos filhos do então presidente, à revelia das instruções do Conselho de Curadores, a quem compete zelar pelo bom funcionamento da instituição. A auditoria da Segurança Social concluiu que sobre esta viatura “não eram elaborados mapas de controlo de deslocações e que o cartão da BP para o seu abastecimento” estava na posse de Emanuel Martins: “Não se encontra justificação legal ou gestionária para a inexistência de controlo verificada na utilização desta viatura. Acresce que até por uma questão de igualdade e também de transparência, deverão ser elaborados mapas de controlo de deslocações da viatura.” O controlo interno também não estava assegurado em relação às contas bancárias, diz a auditoria.

 

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  • 1 year later...

Raríssimas exige 384 mil euros à ex-presidente

A Raríssimas exige à ex-presidente 384 mil euros depois de auditoria revelar despesas não relacionadas com aquela associação, avança o “Correio da Manhã”.

Em março ficou a saber-se que Paula Brito e Costa, ex-presidente e fundadora daquela IPSS, devia 350 mil euros àquela entidade. Essa informação foi conhecida no dia da Assembleia Geral da Raríssimas, para apresentação e aprovação do relatório e contas de 2017 e ainda para revelar os resultados da auditoria.

De acordo com o diário, a queixa contra Paula Brito e Costa deu entrada no Tribunal de Loures na quarta-feira.

A Raríssimas (Associação Nacional de Deficiências Mentais Raras) foi fundada em abril de 2002 e tem como finalidade apoiar pessoas com doenças raras. Em dezembro de 2017, uma reportagem da TVI denunciou irregularidades da ex-presidente.

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Acho perfeitamente normal que continuem e mantenham a pressão judicial para com aquela oportunista, mesmo que nunca lhe consigam arrancar um cêntimo. 

A Raríssimas foi criada a partir de uma boa ideia, continua a ser uma boa ideia a ajuda muita gente. Se não fosse o caso escabroso, provavelmente a bebé Matilde teria sido ajudada pela Raríssimas. 

Espero que a instituição encontre gente de valor para a continuar a liderar e manter isenta. 

Edited by cyberurbis
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