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Morreu Mário Soares


Jokeman
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Mário Soares. Morreu o primeiro Presidente "de todos os portugueses"

Antigo primeiro-ministro e chefe de Estado estava internado no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. Morreu aos 92 anos

Morreu hoje Mário Soares. A notícia da morte aos 92 anos do antigo primeiro-ministro e antigo Presidente da República foi confirmada pelo porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, depois de Mário Alberto Nobre Lopes Soares ter sido internado nessa instituição, já na madrugada de 13 de dezembro.

Nascido em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924, Mário Soares era visto cada vez menos em público. A última vez tinha sido a 28 de setembro passado, numa homenagem do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à sua mulher, Maria Barroso, que morreu no ano passado, a 7 de julho, no mesmo hospital onde estava agora internado o marido. Mário Alberto estava então de rosa amarela na mão e rosto enrugado do sorriso, amparado enquanto caminhava mas capaz de uma palmada mais vigorosa nas costas de Marcelo.

Um dos 27 que se juntou em abril de 1973 na cidade alemã de Bad Münstereifel para fundar o Partido Socialista teve uma vida intensa dedicada à política e à democracia. Advogado e professor, envolveu-se desde cedo em atividades de oposição à ditadura do Estado Novo. Preso 12 vezes, acabou deportado para São Tomé, em 1968, e depois exilou-se em França. A seguir ao 25 de Abril, regressou a Lisboa três dias depois, no que ficou conhecido como o "comboio da Liberdade", tendo a aguardá-lo uma multidão na estação de Santa Apolónia.

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Soares na cerimónia de adesão de Portugal à CEE nos Jerónimos, com o seu amigo Felipe Gonzalez

Desde então o Portugal democrático deve-lhe muito - é reconhecido como sendo o principal líder civil do campo da democracia na convulsão dos dias do PREC (Processo Revolucionário Em Curso) e, nestes 42 anos de liberdade no país, foi ministro dos Negócios Estrangeiros (1974-75) e primeiro-ministro por três vezes (1976-77, 1978 e 1983-85) e foi o obreiro da adesão de Portugal à CEE (a União Europeia de hoje) assinada em 1985.

Chegou a Presidente da República em 1986, como o primeiro Presidente "de todos os portugueses", como se afirmou nessa noite de 26 de janeiro em que foi eleito (numas eleições que dividiram o país ao meio). O seu primeiro mandato foi de tal modo consensual que seria reeleito com uns estratosféricos 70,35% (quase três milhões e meio de votos, resultado nunca alcançado por outro político em eleições nacionais).

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Na noite de janeiro de 1986 em que Mário Soares eleito Presidente da República se apresentou como "de todos os portugueses"

Este largo consenso nunca escondeu o facto de Mário Soares não ser unânime. Houve um país à direita que nunca lhe perdoou o processo de descolonização nos anos de 1974-75, como se este processo não estivesse atrasado pela obstinação de uma ditadura. Houve outro país à esquerda que nunca lhe perdoou o 25 de novembro e um certo socialismo enfiado numa gaveta. Houve um país que lhe apontou uma relação nem sempre transparente com a coisa pública e outro país que nunca esqueceu um segundo mandato presidencial com o propósito de derrubar Cavaco Silva. Há um país que se lembra do último combate político permanente contra o governo de Passos Coelho - e em forma de letra todas as semanas nas páginas do DN - mas também da amizade que fez questão de manifestar até muito recentemente para com o ex-primeiro-ministro José Sócrates, a quem visitou na cadeia várias vezes.

Mário Soares deixou Belém em 1996, nas mãos de outro socialista, Jorge Sampaio, mas não se resignou a ser senador da República. Primeiro, ensaiou um percurso internacional, ainda em dezembro de 1995, com a presidência da Comissão Mundial Independente sobre os Oceanos, mas a política doméstica voltaria a impor-se no seu percurso. Foi o cabeça de lista socialista às eleições europeias de 1999 e ensaiou a candidatura a presidente do Parlamento Europeu, que perderia para Nicole Fontaine, a quem se dirigiria de forma deselegante.

Anos mais tarde, em 2005, voltou a colocar-se na corrida a Belém, apenas para impedir que o então secretário-geral do PS, José Sócrates, apoiasse Manuel Alegre, outro histórico socialista, com quem estava zangado. A zanga foi má conselheira: Soares acabou humilhado em terceiro lugar e Alegre em segundo não evitou a eleição à primeira volta de... Cavaco Silva. Os dois só fariam as pazes oito anos depois, por telefone, mediados pelo líder socialista de então, António José Seguro, depois de Soares ter estado internado com uma forte encefalite, em janeiro de 2013.

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Em 2005 ensaiou um regresso a Belém, que acabou com uma humilhação eleitoral, derrotado por Cavaco e por Alegre

Com quem Mário Soares nunca ultrapassou ressentimentos foi com Francisco Salgado Zenha. Amigos de longa data, socialistas, os dois divergiram em 1980 sobre o apoio a dar ao presidente recandidato Ramalho Eanes - e entraram em rutura, mais tarde sublinhada na candidatura dos dois às presidenciais em 1986.

A 20 de fevereiro de 2015, em entrevista ao jornal i, Mário Soares dizia que não seria "um homem imortal" para a história. "Eu? Não! Eu sou um pobre homem que teve a sorte de ter tomado posições e de ter acertado, e de ter sido auxiliado por muita gente." Em 2004, nas páginas do DN, já dizia de si: "Não acredito na eternidade, na imortalidade, na alma. O que fica de mim é um rodapé num livro de história."

Em 2013, numa homenagem a Aquilino Ribeiro, logo depois da doença que o atirou para a cama do hospital durante nove dias, Mário Soares fez uma intervenção em que deliciou quem o ouvia com pequenas histórias em que a memória já o atraiçoava. No final, arrumou os seus óculos no bolso interior do sobretudo. "Peço desculpa, mas retiro-me."

 

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Mário Soares visto pela imprensa internacional: socialista, lutador e “pai da democracia”

 

Os principais jornais e as agências internacionais destacam o papel do "pai da democracia" na história política portuguesa. Alguns recordam o humor do fundador socialista, e outros as críticas que Soares teceu à austeridade imposta pela 'troika' em 2011.

 

O espanhol El País elogia a vida de Mário Soares, que “foi até ao último dia o oráculo de Portugal e do socialismo, em última análise, o soarismo português”. Viajando pela história política de Soares, descreve a caminhada pela democracia, elogiando-lhe a conjugação da “luta com o pragmatismo”. Para o jornal espanhol “é impossível compreender a última metade do século em Portugal sem Mário Soares. Noventa e dois anos dão para muito, mais ainda num homem inquieto desde jovem, escritor incansável (dizia que havia escrito mais de uma centena de livros), de carácter forte para suportar as prisões da ditadura”.

Em França, o Le Monde destaca os meses de Mário Soares nesse país, descrevendo-o como “um reformista que, desde o início, defendeu uma democracia orientada para a Europa “. Em vídeo, o jornalista do Le Monde descreve o socialista como  “profundamente democrata e defensor da liberdade”.

O britânico Financial Times também dá destaque à morte de Soares: “o socialista que guiou Portugal em direcção à democracia”. Sublinha a luta de Soares contra a ditadura e atribui-lhe o mérito de integrar Portugal na CEE. A publicação escreve que Soares era “conhecido um bom humor irreprimível e entusiasmo pela vida, embora a sua carreira política antes da Revolução dos Cravos tenha sido dominada pela luta, prisão e deportação”. 

Também a Globo, no Brasil, descreve Soares como “o pai da democracia” em Portugal, enquanto nos Estados Unidos, o New York Times escreve que morreu “o líder socialista que guiou a complicada transição de Portugal para a democracia nos anos 70”.

Nas principais agências internacionais de notícias, a Reuters salienta que Soares teve “um papel central” na transição para a democracia.  A americana Bloomberg recorda que o antigo presidente foi muito crítico as medidas de austeridade impostas a Portugal pelo FMI e a União Europeia no resgate internacional de 2011, e salienta uma citação de Soares a dizer que “a troika não nos dá nada, traz empréstimos com juros muito altos”.

 

 

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O que dizem de Soares na imprensa internacional

O desaparecimento do líder histórico socialista tem impacto um pouco por todo o mundo

A morte de Mário Soares, hoje anunciada em Lisboa, está a merecer destaque nos principais portais dos mais conhecidos media internacionais, como o Wall Street Journal, a BBC, Financial Times, a ABC News ou o Les Echos, entre outros.

"Mário Soares, uma figura pivot na transição de Portugal da ditadura para a democracia, que como primeiro-ministro liderou o empobrecido país para a União Europeia, morreu hoje, com 92 anos", escreve o Wall Street Journal, sublinhando que "o socialista era largamente admirado pela sua tenacidade e pelo seu exuberante otimismo".

Para além de passar em revista as principais iniciativas políticas, como a adesão à União Europeia ou a concessão da independência às antigas colónias portuguesas, o jornal norte-americano recupera ainda as críticas "às políticas de austeridade na zona euro, lideradas pela Alemanha".

Para o jornal francês Les Echos, Soares foi uma "figura incontornável da vida política portuguesa do século XX" e "um dos principais artífices da chegada da democracia em Portugal e da sua integração europeia".

O jornal francês lembra uma entrevista de 2015, na qual cita Soares a dizer que é "um homem pobre que teve a oportunidade de tomar posições e de ter tido razão" e a recusar-se a ter um caráter "imortal".

O Les Echos descreve-o como "um 'bon vivant', grande sedutor, humanista e amante de livros, que construiu o seu carisma baseado na capacidade de estar perto das pessoas e descreveu-se como uma pessoa 'emocional, espontâneo e quente'".

A BBC, por seu turno, numa curta notícia, destaca "o papel central depois da Revolução dos Cravos, em 1974" e o facto de ser "um feroz crítico da junta que governou Portugal nos dois anos seguintes".

No Financial Times é evocado o "socialista que guiou Portugal para a democracia"

Também a cadeia de televisão norte-americana ABC News destaca o papel de Soares na transição de Portugal para a democracia, num artigo baseado na agência Associated Press.

"Mário Soares está morto: Portugal de luto", titula o jornal italiano La Repubblica.

No Brasil, a notícia da morte do antigo Presidente português é destaque em praticamente toda a imprensa generalista, do Globo ao portal Terra Brasil, o qual recorda Soares como "o político mais popular da democracia portuguesa".

A notícia da morte de Soares corre todo o mundo, estando também em destaque na Alemanha, na Polónia, na Holanda, na República Checa e na Hungria.

 

 

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AS REAÇÕES DO MUNDO POLÍTICO À MORTE DE MÁRIO SOARES

Antigo Presidente da República morreu este sábado, 7 de janeiro, aos 92 anos.

 
CARAS 
 
7 DE JANEIRO DE 2017, 17:38
 
 
 
 
 
 

Mário Soares morreu este sábado, dia 7, aos 92 anos, após quase um mês de internamento e duas semanas de coma profundo. Ideologias à parte, o mundo da política recorda o antigo chefe de Estado e o seu indiscutível contributo para a democracia em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República: “Mário Soares nasceu e formou-se para ser um lutador e para ter uma causa para a sua luta: a liberdade (…) Resta a Mário Soares, como inspirador, travar o derradeiro combate, aquele em que estamos e estaremos todos com ele: o combate pela duradoura liberdade com justiça na nossa pátria comum, que o mesmo é dizer, o combate da imortalidade do seu legado, um combate que iremos vencer, porque dele nunca desistiremos, tal como Mário Soares nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre. E, no que era decisivo, ele foi sempre vencedor".
Carlos César, presidente do Partido Socialista: "Não morreu um dirigente socialista, mas um grande português, um obreiro das liberdades, um guardião da democracia. Por isso, todos os portugueses, independentemente da sua condição partidária, estarão, certamente, associados neste momento numa manifestação coletiva de pesar e numa homenagem à memória de luta e à memória de concretização que representou a atuação política de Mário Soares e o seu comportamento físico ao longo destas últimas décadas. Sem dúvida, a personalidade mais relevante da segunda metade do século XX e, em particular, depois de restaurada a democracia em Portugal".
Carlos Zorrinho, deputado da Delegação do Partido Socialista no Parlamento Europeu: "Mário Soares foi a figura maior do socialismo democrático e da social-democracia em Portugal e um dos mais prestigiados políticos europeus e mundiais. Paladino da liberdade, entre as múltiplas e relevantes funções que desempenhou esteve a de membro do Parlamento Europeu eleito pelo Partido Socialista, o seu partido de sempre".
Partido Socialista: "Portugal perdeu hoje o pai da Liberdade e da Democracia, a personalidade e o rosto que os portugueses mais identificam com o regime nascido a 25 de abril de 1974.Este é um momento de profunda dor para todos os socialistas, que sabemos partilhada por tantos e tantos portugueses, que reconhecem em Mário soares uma figura maior da nossa democracia".
Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira: "O Governo Regional da Madeira lamenta a morte do Dr. Mário Soares, e expressa sentidas e profundas condolências à família e amigos. Prestamos uma última e reconhecida homenagem a um português ilustre, Estadista que sempre lutou pela Democracia, dedicando uma vida inteira à causa pública, com relevantes serviços prestados ao País".
Rui Nabeiro, empresário e comendador: “Um grande amigo, um homem extraordinário, afável e simples. É um momento de muita tristeza, de grande emoção, é duro receber esta notícia".
Pedro Santana Lopes, antigo primeiro-ministro: "É um dia muito triste para Portugal. Mário Soares faz parte das pessoas que não quer que estejamos tristes, mas que lembremos o que ele fez na vida. Ninguém o vergava".
Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro: "É um dia triste para todos os portugueses. Portugal perdeu um grande democrata, um político polémico. Será impossível escrever a História de Portugal das últimas dezenas de anos sem nelas encontrar referências múltiplas à intervenção política de Soares, em muitas ocasiões decisiva".
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia: “A vida de Mário Soares confunde-se com a história recente de Portugal e com episódios marcantes do processo de construção da União Europeia. Foi orgulhosamente português, orgulhosamente europeu e com o seu desaparecimento Portugal e a Europa perdem um pouco de si”.
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda: “Homenagear Mário Soares como escolheu ser retratado, por Júlio Pomar. O homem com tantas vidas como a nossa democracia. Contraditório, certamente. E sem esquecer nada, digo-vos que hoje escolho recordar com gratidão o homem que mandou a idade e o conforto às malvas para se levantar na Aula Magna, com toda a esquerda, na defesa do país contra a 'troika'".
Jorge Sampaio, antigo Presidente da República: "Foi preso, exilado, nunca perdeu o seu amor por Portugal. Sempre acreditou naquilo que era o interesse de Portugal e no que era estrategicamente vital para a democracia portuguesa".
António Costa, primeiro-ministro: "Perdemos hoje aquele que foi tantas vezes o rosto e a voz da nossa liberdade. Mário Soares foi um homem que durante toda a sua vida se bateu pela liberdade, fê-lo contra a ditadura, sofrendo a prisão, a deportação e o exílio".
Pessoas-Animais-Natureza (PAN): "Portugal perdeu uma das suas figuras políticas mais marcantes do século XX e XXI", que deixa "um legado de dedicação e luta pela democracia ainda no Estado Novo e de fulgor na defesa de um estado social já depois da Revolução de Abril".
Freitas do Amaral, fundador do CDS-PP: "Morreu o 'Patriarca da Democracia'. Ninguém a encarnou melhor do que ele, antes e depois de 1974. À doutora Isabel Soares e ao doutor João Soares, nossos bons amigos, a minha mulher e eu enviamos as nossas mais sinceras condolências. Todos os Portugueses podem estar certos de uma coisa: Mário Soares não será esquecido; e quem não esquece, não morre".
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas: “Presto a minha homenagem a Mário Soares, certo de que figurará na nossa memória e na história do nosso país, como um homem livre que quis que todos nós vivêssemos em liberdade e que lutou toda uma vida para que isso fosse possível. Um dos raros líderes políticos de verdadeira estatura europeia e mundial, a quem os portugueses devem em grande medida, a democracia, liberdade e respeito pelos direitos fundamentais. Tomei conhecimento da morte do Dr. Mário Soares com profunda emoção e um agudo sentimento de perda ".
Lula da Silva, ex-presidente do Brasil: "Mário Soares foi um dos grandes homens públicos do século XX, não só de Portugal, mas da Europa e do mundo. Um homem comprometido durante toda a sua vida com as ideias do socialismo democrático e a construção de um mundo mais justo".
PSOE, partido espanhol: "O Partido Socialista Operário Espanhol não poderá esquecer nunca o trato próximo, cúmplice e motivador que representou sempre Soares no nosso projeto democrático, primeiro, e na nossa incorporação na União Europeia, mais tarde. Uma figura histórica que transcende as ideologias com um legado que deve ser conservado neste momento em que os populismos ameaçam".
Adriano Moreira, antigo líder do CDS-PP: "Depois do 25 de Abril, Portugal foi objeto de duas orientações, uma delas dominada sobretudo pelo Doutor Cunhal e a outra pela orientação da democracia em que hoje vivemos. Esta orientação foi vencedora e entre os vencedores um dos principais, ao lado do general Eanes, foi o doutor Mário Soares”.
Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República: "Morreu o militante número um da democracia portuguesa. Várias gerações tiveram o Mário Soares como um herói".
Cavaco Silva, ex-Presidente da República: "Foi uma das personalidades mais marcantes do séc XX português. Semper reconheci as qualidades políticas do Dr. Mário Soares. Como se dizia, era um verdadeiro 'animal político', como tive oportunidade de testemunhar várias vezes. Portugal deve-lhe muito. Portugal está de luto, os portugueses, todos os portugueses, estou certo, hoje estão de luto. Portugal perdeu um dos maiores políticos do século XX. Eu quero transmitir à família o sentimento de profundo pesar e as minhas condolências".
Francisco Pinto Balsemão, fundador do PSD e antigo primeiro-ministro: "É um amigo que vem dos tempos de Salazar, foi aí que nos conhecemos. (...) A nossa amizade durou nas várias etapas da vida dele e da minha até hoje. Mário Soares vai fazer-me muita falta a mim e a todos também, sobretudo aos que acreditam na liberdade, na democracia e na Europa".
Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril: "Portugal perdeu um dos seus principais cidadãos, um lutador intemerato e incansável pela liberdade, pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela paz, pela solidariedade, isto é, pelos direitos humanos. A Europa perdeu o principal obreiro da adesão de Portugal à União Europeia, tal como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa vê partir quem, depois de ter contribuído decisivamente para o fim do colonialismo e para a consumação das independências, foi o grande impulsionador da organização que esses oito países construíram".
François Hollande, presidente francês: “Com o desaparecimento de Mário Soares, a democracia portuguesa perdeu um dos seus heróis, a Europa um dos seus grandes líderes e a França, que o acolheu no exílio durante a ditadura de Salazar, um amigo de sempre".
Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS: “Uma figura impar e inesquecível e um "combatente pela conquista da Liberdade e pela consolidação da Democracia. Soares é fixe. Até Sempre, Mário Soares".
Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu: "Com a morte de Mário Soares, Portugal e a Europa perdem grande estadista e um visionário, cujo legado vai perdurar, pois o antigo Presidente da República é uma inspiração. Como progressista, Soares é mais que uma figura histórica: é uma inspiração. Promoveu a liberdade, a igualdade e a dignidade. O seu legado vai perdurar ".
Felipe VI, rei de Espanha: "A sua tarefa e legado político em Portugal e o seu papel decisivo no sucesso da transição democrática da sociedade portuguesa converteram-no num dos grandes líderes portugueses e europeus do último século".
Vasco Cordeiro, presidente do Governo dos Açores: "A importância da figura do doutor Mário Soares torna este um momento de uma perda incalculável para o nosso país, pelos valores que defendeu, antes e depois da democracia no nosso país, pela forma como se comprometeu com esse combate, dando um exemplo de empenhamento, o impacto que teve também no moldar do Portugal democrático, todos estes factos tornam o doutor Mário Soares num gigante do século XX português".
José Manuel dos Santos, dirigente socialista: “Foi, ao longo da sua vida, um socialista democrático instintivo, que amou e lutou pela liberdade e que configurou e consolidou a democracia portuguesa”.
Dilma Rousseff, presidente destituída do Brasil: “Mário Soares era um militante da liberdade, adorado pelo povo e respeitado pelos adversários. A sua vida dedicada à política e à democracia de Portugal é um exemplo para o mundo de que é possível construir uma sociedade democrática e igualitária para todos”.
PSD: “Mário Soares deverá ser recordado enquanto defensor da liberdade e da democracia, apesar de decisões que tomou que não terem sido isentas de erros ou de polémicas. Com a morte do doutor Mário Soares, hoje ocorrida, desaparece alguém que sempre será recordado como uma das personalidades mais marcantes da história contemporânea de Portugal. (…) Viveu uma vida muito rica e multifacetada, tendo deixado uma marca profunda em todas as funções que exerceu, fosse na sua vida profissional, como advogado (em que se notabilizou na defesa dos perseguidos políticos), fosse na sua atividade política, em que merecem destaque o exercício de funções como Presidente da República durante dez anos e como primeiro-ministro de três Governos Constitucionais".
Maria Manuel Leitão Marques, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa: "Perdeu-se uma personalidade que faz parte da história (…) De Mário Soares guardo a imagem da liberdade, mas guardo também a imagem do empenhamento social, porque não basta a liberdade para que o país seja livre".
Felipe Gonzalez, ex-presidente do Governo espanhol e ex-lider do PSOE: "No momento da sua morte, a melhor homenagem a este patriarca da Democracia portuguesa, é recordar a sua firmeza, a sua coragem política, inclusivamente nos momentos em que muitos baixaram os braços e viram como inevitável a chegada de uma ditadura militar comunista".
Helena Roseta, deputada e presidente da Assembleia Municipal de Lisboa: "O Dr. Mário Soares foi um homem que mudou a história de Portugal, da Europa e do mundo e, no que me diz respeito, mudou a minha vida".
José Sócrates, ex-primeiro-ministro: “Um grande companheiro político e amigo, um dirigente político carismático, que certamente ficará para a História. Teve uma vida política rica e diversificada. Foi um dos grandes combatentes pela liberdade e pela democracia”.
Luís Marques Mendes, antigo líder do PSD: “Mário Soares foi a maior figura da democracia portuguesa. Do meu ponto de vista, o doutor Mário Soares foi a maior figura da democracia portuguesa pelas suas qualidades políticas que ele evidenciou e que do meu ponto de vista são sobretudo a coragem política, a visão e o sentido estratégico e a sua enorme intuição”.
Jorge Carlos Fonseca, presidente da República de Cabo Verde: "Há um sentimento de tristeza que nos invade pois desaparece uma das grandes figuras, das mais relevantes da política e da História portuguesas, mormente da sua democracia. Diria mesmo uma grande figura da democracia europeia e uma personalidade que tem uma ligação muito próxima com Cabo Verde e com o processo que conduziu à independência do país em julho de 1975"

 

 

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47 minutes ago, Vasco G said:

É assim tanto tempo? Não sabia. 

 

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Soares só poderá ir para o Panteão Nacional daqui a 20 anos

Novas regras implicam que a deposição no Panteão Nacional dos restos mortais dos cidadãos distinguidos só pode ser decidida 20 anos após a sua morte. Antes, o prazo era de apenas um ano.

A última personalidade a ser transladada para o Panteão Nacional foi o futebolista Eusébio da Silva Ferreira.

Uma alteração legislativa aprovada no ano passado, por unanimidade, no Parlamento só permite que os restos mortais de Mário Soares sejam transferidos para o Panteão Nacional, em Lisboa, daqui a 20 anos, ou seja, em 2037.

Isto porque a partir da entrada em vigor das novas regras, a deposição no Panteão Nacional dos restos mortais dos cidadãos distinguidos só pode ser decidida 20 anos após a sua morte. Antes, o prazo era de apenas um ano.

A escolha das personalidades que devem beneficiar das honras do Panteão Nacional é da competência exclusiva da Assembleia da República. Segundo a lei, este reconhecimento destina-se “a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.

A última personalidade a ser transladada para o Panteão Nacional foi o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, em Julho de 2015. Um ano antes, tinha sido a vez da escritora Sophia de Mello Breyner Andersen.

A iniciativa de mudar a lei partiu do grupo parlamentar do PS, que, na primeira proposta, apenas sugeria que fosse reconhecido o estatuto de Panteão Nacional ao Mosteiro dos Jerónimos e à Igreja de Santa Cruz, em Coimbra. Mais tarde os deputados socialistas decidem acrescentar outra proposta, na qual incluem o prazo de 20 anos para transferir os restos mortais de individualidades relevantes, propondo que se esperasse dez anos para afixar uma lápide alusiva à vida e à obra da personalidade distinguida no mesmo local. A versão final da lei acabou por reduzir este último prazo para cinco anos.

Por iniciativa do grupo parlamentar do PSD, acabou por se atribuir o estatuto de Panteão Nacional também ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

O Panteão Nacional foi criado por um decreto de Setembro de 1836 e funcionou até 1966 na Sala do Capítulo, nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos. Em Dezembro 1966, concluídas as obras de restauro da Igreja de Santa Engrácia foi inaugurado o Panteão Nacional naquele edifício, que tinha sido seleccionado 50 anos antes. Para aí foram então transferidos os restos mortais de Almeida Garrett, João de Deus e Guerra Junqueiro e dos Presidentes da República Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona. Também lá estão sepultados a fadista Amália Rodrigues, o escritor Aquilino Ribeiro e o militar Humberto Delgado.

 

 

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Pois lembrava-me que essa questão dos prazos tinha levantado polémica quando foi a Amália e o Eusébio e que se tinha discutido isso mas já não me lembrava como é que tinha ficado. 

Um ano é um disparate mas 20 também é um exagero. 

E claro que faz muito mais sentido lá estar o Mário Soares do que a Amália ou o Eusébio. 

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5 minutes ago, Vasco G said:

E claro que faz muito mais sentido lá estar o Mário Soares do que a Amália ou o Eusébio. 

Segundo a Wikipedia:

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O Panteão Nacional destina-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade. As honras do Panteão podem consistir na deposição, no Panteão Nacional, dos restos mortais dos cidadãos distinguidos ou na afixação, no Panteão Nacional, de lápide alusiva à sua vida e à sua obra.

Portanto segundo isso (que até pode estar errado), tem todo o sentido estar lá quem lá está e se calhar muitos e muitos outros...

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Sim, concordo em absoluto com esse muitos outros, e a questão é precisamente essa, deviam ser muitos mais mas também não se pode vulgarizar a coisa pelo que acho que os critérios deviam ser mais exigentes, com Eusébio e Amália abriram-se precedentes e no futuro não fará sentido que outros desportistas ou artistas não vão para lá. 

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24 minutes ago, Vasco G said:

com Eusébio e Amália abriram-se precedentes e no futuro não fará sentido que outros desportistas ou artistas não vão para lá. 

Não concordo. Eusébio e Amália foram dois verdadeiros símbolos de Portugal no estrangeiro, especialmente na altura dos três F (Fátima, Futebol e Fado).

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6 minutes ago, Vasco G said:

E eu disse o contrário? Mas muitos houve que também o foram e no futuro muitas injustiças se vão cometer quando esses outros não forem para lá. 

Disseste que, com Eusébio e Amália, se abriram precedentes. Entendi que pensavas que não eram merecedores do Panteão, opinião que respeito mas discordo, só que, pelos vistos, percebi mal o que querias dizer. :y:

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7 hours ago, Vasco G said:

Porque é que os três dias de luto nacional só começam amanhã? 

O funeral é já para o panteão ou só vai depois? 

:lol: achas que os funcionários públicos iam já trabalhar a um domingo, baixando bandeiras para meia haste, só porque morreu o soares? Era já a seguir.

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