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Morreu o professor Moniz Pereira


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Moniz Pereira (1921-2016), o homem que fez Portugal acreditar em “coisas impossíveis”

TIAGO PIMENTEL 

31/07/2016 - 21:11

 

(actualizado às 23:49)

Foi um dos maiores impulsionadores do atletismo nacional e treinador de grandes figuras como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Francis Obikwelu ou Naide Gomes.

 
1065513?tp=UH&db=IMAGENS&w=749 Moniz Pereira fotografado em Julho de 2012 CARLA ROSADO/ARQUIVO

Chamaram-lhe maluco por acreditar que os atletas portugueses podiam ter resultados tão bons quanto os seus concorrentes. Mas ele nunca se desviou do objectivo de ver um português subir ao lugar mais alto do pódio nuns Jogos Olímpicos. Demorou 39 anos, mas provou que a razão estava do seu lado quando Carlos Lopes conquistou a primeira medalha olímpica portuguesa de ouro, na maratona, em Los Angeles 1984. Mário Moniz Pereira, apaixonado pelo desporto e a quem chamavam “senhor atletismo”, moldou campeões e teve um papel inigualável na projecção internacional dos atletas portugueses. Morreu neste domingo aos 95 anos, de pneumonia, razão pela qual estava internado há alguns dias.

O desporto esteve sempre presente na sua vida. Praticou andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins, ténis de mesa e voleibol. E, claro, atletismo — a sua grande paixão. O recorde nacional do triplo salto chegou a pertencer-lhe, mas foi quando assumiu o papel de treinador que começou a fazer uma revolução em Portugal.

No Sporting, clube do qual era o sócio número 2 e foi um pouco de tudo (até preparador físico da equipa de futebol em 1970 e 1971, sagrando-se campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal), tornou-se um técnico de elite e forjou alguns dos nomes que hoje são referências do atletismo nacional. Carlos Lopes, Fernando Mamede, Domingos Castro e Dionísio Castro, Rui Silva, Francis Obikwelu ou Naide Gomes passaram-lhe pelas mãos e ajudaram a tornar o seu sonho realidade: ter atletas portugueses a ombrear com os melhores do mundo.

Fernando Mamede: “Foi um homem à frente do seu tempo”

Licenciado em Educação Física pelo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) em Lisboa, onde deu aulas durante 27 anos, Moniz Pereira participou em 12 Jogos Olímpicos entre 1948 e 2012.

“Para o atletismo representa um pilar fundamental. Moniz Pereira tem um lugar ímpar, foi efectivamente ele que lançou a nossa modalidade para os níveis que temos hoje. Tinha a convicção que os atletas portugueses, com os mesmos apoios, seriam tão bons quanto os outros. E conseguiu provar essa tese. Fez-nos acreditar que era possível”, notou o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, num testemunho ao PÚBLICO.

Moniz Pereira aborrecia-se por Portugal ser um país concentrado no futebol. Mesmo que, por vezes, isso implicasse criticar o Sporting, clube de sempre: “O atletismo deu mais títulos e nome ao clube do que o futebol e, no entanto, só pensam no futebol. Quando foi a construção do novo estádio prometeram uma pista, ia acompanhando as obras e não via nada. Até que percebi — um estádio novo sem pista. É difícil manter dezenas de modalidades sem infra-estruturas”, queixava-se numaentrevista ao PÚBLICO, em 2012, antes do início dos Jogos Olímpicos de Londres.

“Um homem bom”, “o mais ilustre português que tivemos”

“O professor Moniz Pereira tinha uma ideia que era mostrar aos portugueses que podiam ser tão bons como os outros. Destacava-se por essa ideia e pelo seu trabalho diário. Tinha uma capacidade de persuasão extraordinária, de elevar os nossos patamares de motivação”, recordou José Carvalho, ex-atleta olímpico.

Amigo íntimo do “senhor atletismo”, o fadista Carlos do Carmo define-o simplesmente como “o maior”. “Gostava que os mais jovens soubessem que, desportivamente falando, estamos perante talvez o mais ilustre português que tivemos. Fundou uma escola de atletismo e criou uma série de campeões do mundo”, sublinhou o fadista com quem Moniz Pereira partilhava a paixão pela música – o treinador compôs várias músicas cantadas por grandes nomes do fado português.

Moniz Pereira deixou o comando directo do atletismo do Sporting após os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. E, nos tempos mais recentes, a idade fazia com que praticamente não saísse de casa. Mas nem por isso deixava de acompanhar atentamente a modalidade, fossem as provas internacionais ou os campeonatos nacionais. “Eu consegui realmente as tais coisas impossíveis e estou bastante satisfeito”, concluía na entrevista de 2012. O legado de Moniz Pereira fará com que nunca seja esquecido. com Hugo Daniel Sousa, Pedro Guerreiro e Jorge Miguel Matias

 

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