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Presidenciais 2016


Vasco G
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Mas aí é que está: o PR não pode obrigar o Governo a criar leis X e Y.

Em termos de governação, o máximo que o PR pode fazer é exigir que o Governo tenha e mantenha determinadas condições de governabilidade e estabilidade.

23 minutes ago, mx101 said:

A mim não me interessa nada o Paulo Morais, interessa a ideia que ele pode levar aqueles que tem o poder de mudar como ele pode mudar se for eleito.

Sim, eleito... para Procurador ou Ministro da Justiça? Ou, no limite, para Primeiro Ministro?

Se for algum desses cargos, eu consigo ver a lógica naquilo que dizes. Para Presidente da República a lógica é zero.

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6 hours ago, P4rthen0n said:

Mas aí é que está: o PR não pode obrigar o Governo a criar leis X e Y.

Em termos de governação, o máximo que o PR pode fazer é exigir que o Governo tenha e mantenha determinadas condições de governabilidade e estabilidade.

Sim, eleito... para Procurador ou Ministro da Justiça? Ou, no limite, para Primeiro Ministro?

Se for algum desses cargos, eu consigo ver a lógica naquilo que dizes. Para Presidente da República a lógica é zero.

Se pode obrigar ou não, dou-te isso de barato basta ler nos sítios certos, mas registo a tua preocupação é se alguém cumpre as funções de um PR na tua opinião, claro.

Pode falar de economia, impor condições, dizer quais os partidos que podem fazer parte de uma coligação de governo etc... Só de corrupção é que não.

Se tentar combater a corrupção é ser Procurador ou Ministro da Justiça.

Portanto o Paulo Morais é ousado quando quer ser PR, e tenta combater a corrupção, para ele fazer isso tinha que ir para Procurador ou Ministro da Justiça ou outro cargo qualquer!!!

É ousado e ainda bem que alguém é.

É como os debates presidenciais, o que se debate é se um dorme muito ou pouco, o que outro fez há 30 anos atrás, etc... o que interessa ao país que se lixe.

Portanto o problema para ti, são as roupas que a teu ver não encaixam no perfil que traçaste como perfil de PR, o conteúdo que propõe executar não interessa nada.

Resumindo: Para ti, o mais importante é a cosmética do cargo.

Fica registado.

Mas olha, o Cavaco já o fez quando quando vetou a nova lei do financiamento aos partidos e das campanhas eleitorais.

Por precisamente considerar que o diploma não garantia a transparência das fontes de financiamento partidário por que temia a existência de "práticas de corrupção ou clientelismo".

Em que a lei teve que ser alterada para ele depois promulgar.

Como basta ouvires o Marcelo Rebelo de Sousa enquanto comentador da TVI, sobre a corrupção ele (Marcelo) disse: "O Presidente da República pode e deve intervir já que é o responsável pelo regular funcionamento das instituições."

Podes ver também o que já foi dito sobre isso nesta campanha.

Marisa Matias do BE: "É fundamental que o Presidente da República possa suscitar um debate sobre combate à corrupção, mas também sobre temas como a justiça."

É só fazer uma pequena pesquisa que vês que a lógica deles é igual à minha que segundo dizes é Zero.

E depois achas que o Paulo Morais anda a dizer coisas que até lhe pode valer processos judiciais, só por que sim?

Além de falar em termos gerais ele também acusa directamente não é só demagogia e populismo.

Fica um excerto do Jornal Publico, e cito: "...relativo à privatização da EDP, quando denunciou que o social-democrata Miguel Frasquilho estaria numa situação de promiscuidade entre negócios e política e que o presidente da comissão parlamentar apresentou uma moção de confiança ao então deputado do PSD."

Ele sabe que aquilo que diz na campanha pode ser executado no âmbito das funções de um PR, por isso o tentam descredibilizar.

Portanto é melhor ele não ganhar, não vamos nós destabilizar os corruptos e depois fica mais difícil eles ficarem com o dinheiro do nosso suor.

E isso o país não quer. Não podemos estragar a festa que é ver o dinheiro dos bancos a voar e o nosso dinheiro a resgatar, os impostos a aumentar e ordenados a diminuir, credores externos, troikas, auto-estradas, a justiça o pior possível para não ter a ousadia de prender corruptos porque não tem meios para investigar nem legais e materiais e muitas vezes também não quer,  etc...

Será sempre assim num país em que a corrupção é o prato do dia.

Como a nossa frase de sempre quando nos perguntam o que fizemos nós: "Bati a porta com força para eles verem que fiquei chateado"

 

 

Edited by mx101
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On 11/01/2016 at 8:13 PM, P4rthen0n said:

Porque o cargo para o qual ele se está a candidatar em nada tem a ver com isso. É esse o problema. Não consegues ver isso?

 

Se fossem eleições para Procurador ou para Ministro da Justiça, ele tinha a minha atenção e talvez até o meu voto.

Mas isto são eleições para PR. Eu quero ouvi-lo defender quais são as posições dele se fosse PR, tendo em conta as funções e poderes do cargo de PR. E ele não está a fazer nada disso.

 

Qualquer candidato que venha com conversas fora desse âmbito (cargo, funções e poderes de PR) é off topic e passa-me ao lado.

 

O que tu não estás a entender é que esse argumento que usas é igualmente válido para todos os candidatos que propõe o que quer que seja sobre qualquer assunto, pois na tua lógica para isso existem procuradores, para isso existem ministros, para isso existem mil e um outros cargos que não PR.

Mas de qqr das formas tu tens um desconhecimento do candidato em si, porque algo que ele faz e poucos fazem é assumir claramente as o que fazia caso fosse PR, e uma das posições mais "célebres" é que demitiria o governo caso fizesse o contrário daquilo que prometeu em campanha eleitoral, queres alguma coisa mais clara do que isso ??

Mas convido-te a ver um dos 1001 debates ou artigos que ele escreveu sobre os mais variados temas, como p.ex http://www.paulodemorais2016.com/#!blank/cee5

 

obs: e não, eu não sou primo nem tio dele.. aliás abomino "tudo que seja politico" e sou completamente contra este sistema partidocrático em que vivemos porque é uma ilusão de democracia.. e a única réstia de esperança são mesmo pessoas como o Paulo Morais em cargos de visibilidade e decisão para mudar mentalidades.. tudo o resto é um engano completo como temos vistos há uma carrada de anos para cá

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38 minutes ago, And0 said:

Mas de qqr das formas tu tens um desconhecimento do candidato em si, porque algo que ele faz e poucos fazem é assumir claramente as o que fazia caso fosse PR, e uma das posições mais "célebres" é que demitiria o governo caso fizesse o contrário daquilo que prometeu em campanha eleitoral, queres alguma coisa mais clara do que isso ??

Pois tenho, disse desde o início que não anda no meu radar. O pouco que vi dele foram contos de embalar que nada têm a ver com o cargo de PR ou então utopias/buracos de orçamento (como obrigar a que os livros sejam completamente gratuitos até ao 12º ano).

Por isso disse no meu 1º post sobre ele que eu tenho dificuldade em levar a sério alguém que só defende coisas que caiem bem no ouvido do povo.

Onde estão as medidas que o povo dispensa ouvir e lhe custam votos? É que, na minha opinião, esse é o caso mais frequentemente das medidas mais necessárias para o país, as tais que custam votos aos políticos e por isso são poucos os que se atrevem a falar delas durante as campanhas.

Verdade seja dita, ele não é o único político culpado disso. No fundo é só mais um político culpado disso.

 

Depois a discussão enveredou por assuntos que nada têm a ver com a função de PR e enfim...

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A tua ideia das funções de um PR é que é uma utopia.

O combate à corrupção eficaz não traz milhões de euros ao Estado em que podem ser investidos, como por exemplo "livros sejam completamente gratuitos".

Isso não é uma utopia é a lei fundamental do país. Não gostas da lei, paciência, mas deve ser cumprida como qualquer outra lei ou então mudada.

Enquanto não for mudada é para cumprir.

E sabes o PR é mandatário por excelência para fazer cumprir as leis fundamentais que poucos o tem feito e ninguém fica escandalizado.

Tanto queres separar o PR do governo que depois baseias as tuas ideias no governo para o que PR não pode fazer.

Já agora para terminar o meu debate sobre este assunto, deixo-vos uma analogia:

Quote

Humberto Delgado "soube ousar e dizer não a um estado de coisas que estava muito pantanoso" [expressão que o próprio usa com frequência] e que "fez um grande apelo à coragem e ao combate ao medo". Sendo que, para Paulo Morais, o medo ainda hoje "é uma das piores características da sociedade portuguesa". Por isso, assume: "Eu gostaria de alguma maneira de seguir o seu exemplo".

"Os Presidentes têm sido uns mero corta-fitas"

Aproveitando o contexto da exposição, Paulo Morais falou das semelhanças entre o Portugal de 1958 e o da atualidade, considerando que se na altura "o primeiro-ministro transformava o Presidente da República num mero corta-fitas, que era o que fazia Américo Tomas", ainda hoje, ao fim de 41 anos de democracia "os Presidentes continuam a ter essa função", nomeadamente "nos últimos 20 anos". Apesar do chefe do Estado ter "os poderes de que necessita", os ocupantes do cargo "não têm exercido esses poderes", argumenta, para concluir: "Os anos 60 são como os de hoje, só que eram a preto e branco".

Por fim, questionado sobre a venda da TAP, o candidato portuense recordou que pertence a um movimento que é contra a privatizaçao da companhia aérea portuguesa, mas adiantou que como Presidente da República "não teria permitido que o processo fosse conduzido de forma opaca". Por isso, "exigiria um grande debate público" sobre a matéria, "seguido de um debate parlamentar" e garante que, no final, "promulgava o que o Parlamento decidisse em votação, fosse qual fosse a decisão, concordando ou não com ela".

fonte: http://expresso.sapo.pt/politica/2016-01-12-Paulo-Morais.-Os-anos-60-sao-como-os-de-hoje-so-que-eram-a-preto-e-branco

É isso que alguns defende e pensam que o PR é um mero corta-fitas.

 

Por falar em corrupção, eis:

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O relatório do Tribunal de Contas (TC) que apurou um buraco de 36 milhões de euros no Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (o SUCH, uma central de compras) foi o mote para o prato forte do jantar-comício que encerrou a jornada desta terça-feira da campanha de Marisa Matias: um ataque à corrupção.

“A ligação entre interesses privados que se misturam com o interesse público é o ponto nevrálgico da corrupção”, disse a candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda. Na última iniciativa do dia, que juntou em Leiria mais de uma centena de pessoas, Marisa Matias esteve acompanhada, entre outros, pelos deputados Heitor de Sousa e José Manuel Pureza, pelo ex-dirigente bloquista João Semedo (que após a saída de Francisco Louçã partilhou a liderança do BE com Catarina Martins) e por José Gusmão, membro da comissão política do partido.

“Há uma economia predadora que vive da vampirização do Estado e dos dinheiros dos contribuintes. Temos de acabar com ela”, afirmou Marisa Matias, antes de defender um conjunto de medidas concretas, em vez de uma pulverização de medidas: “Atirar lama em todas direções só serve para absolver os culpados e punir a democracia”, disse.

resto da noticia:http://expresso.sapo.pt/politica/2016-01-12-Marisa-contra-a-corrupcao-Ha-uma-economia-predadora-que-vive-da-vampirizacao-do-Estado

 

Por último  deixo-vos link com um texto longo mas que vale bem a pena ler todo, sobre como o país está minado pela corrupção politica e como se articula um corrupto e se criam cadeias de corrupção que gerem o país.

Dá nojo ler o texto todo, mas é um "must-read" para quem não leu.

Marco António Costa o "alpinista politico"

 

 

Edited by mx101
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Não li ainda na totalidade. No entanto, se uma pessoa escreve no FB então é automaticamente verdade? Infelizmente em PT há muita gente que gosta de escrever muito sobre muita coisa, para os outros verem, independentemente das cores políticas. Achei especial piada ao iniciar o texto a dizer que não é nada pessoal e terminar com "estou disposto a colaborar com a PJ" :-..

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Cada dia que passa estou mais afastado destas eleições. 

Já chega de Marcelo, Marcelo, Marcelo, novoa, novoa num jantar, Belém num asilo, Belém em outro asilo, comunas e bloquistas em comício, o anti-sistema e agora debitar num espaço de 30 segundos que existem mais 4 candidatos. 

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Estas Presidenciais, para mim, parecem um jogo de futebol de beneficiência:

Marcelo vs Resto do Mundo

Quando abrem a boca, os outros, é só para dizer que o Marcelo isto e o Marcelo aquilo.

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E o Marcelo todo armadão sempre numa de "sou o maior já ganhei".

14 hours ago, P4rthen0n said:

Pois tenho, disse desde o início que não anda no meu radar. O pouco que vi dele foram contos de embalar que nada têm a ver com o cargo de PR ou então utopias/buracos de orçamento (como obrigar a que os livros sejam completamente gratuitos até ao 12º ano).

Fazendo um bocado de offtopic aqui é mais do que evidente que todos os anos as famílias terem de gastar centenas de euros em manuais escolares é uma vergonha, mas tente-se algo contra isso e vem logo o poderoso lobby das editoras bloquear a coisa. Não é preciso os manuais serem gratuitos, basta serem de aluguer, os alunos no início do ano recebem os manuais que seriam sempre propriedade da escola, no final devolviam em boas condições claro, os que não estivessem em condições eram cobrados.

14 hours ago, P4rthen0n said:

Onde estão as medidas que o povo dispensa ouvir e lhe custam votos?

Já é a segunda vez que bates nessa tecla mas que medidas seriam essas? Temos estado a discutir corrupção, alguém seria contra o combate da mesma? :unsure:

É que no limite os problemas do país acabam por se resumir todos muito a isso: corrupção, compadrios, cunhas, lobbys, interesses.

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9 hours ago, Archie said:

Não li ainda na totalidade. No entanto, se uma pessoa escreve no FB então é automaticamente verdade? Infelizmente em PT há muita gente que gosta de escrever muito sobre muita coisa, para os outros verem, independentemente das cores políticas. Achei especial piada ao iniciar o texto a dizer que não é nada pessoal e terminar com "estou disposto a colaborar com a PJ" :-..

:zZz:

Já há uma queixa crime contra o Marco Antonio Costa e vice versa.

Achas que alguém ia fazer uma denuncia dessa fosse no facebook ou noutro lugar publico qualquer e as coisas ia ficar por aí sem ter consequências legais?

Já está na justiça é só investigar. http://www.tvi24.iol.pt/politica/corrupcao/pgr-abre-inquerito-a-denuncia-sobre-marco-antonio-costa

Meti do facebook como podia meter daqui: http://www.sabado.pt/portugal/politica/detalhe/a_ascensao_do_homem__que_controla_o_aparelho.html

ou daqui: http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/como-cresceu-o-big-mac=f824432

etc...

B)B)

Edited by mx101
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On 10/01/2016 at 7:01 PM, Vasco G said:

Nunca pensei ver a Maria de Belém entrar numa atitude tão desilegante como malhar no Sampaio da Nódoa a dizer que é de extrema esquerda, enfim cada vez se desce mais baixinho nas nossas campanhas políticas. 

Isto foi propositado ou enganaste-te a escrever? De qualquer maneira, ri-me! :lol:

 

Retirado do Reddit:

Quote

 

Esta notícia levanta uma série de questões, especificamente sobre o Paulo Morais:

Paulo de Morais, o ex-vice-presidente da direcção da TIAC – Transparência e Integridade Associação Cívica que deixou o cargo para se candidatar a Belém e tem feito da transparência e do combate à corrupção a bandeira da sua campanha, acaba por ter uma declaração com zonas opacas. O património imobiliário (prédios rústicos ou urbanos) tem que estar identificado pela sua natureza e situação, inscrição matricial e ter uma descrição sumária. Paulo de Morais limita-se a dizer que é herdeiro de dois prédios rústicos nos concelhos de Sintra e Monção e tem uma fracção de prédio urbano em Viana do Castelo.

A somar a isso está o facto de ter deixado a Câmara do Porto em 2005, onde era vice-presidente de Rui Rio, mas só ter entregue a declaração de rendimentos de cessação de funções, obrigatória por lei, 10 anos depois. Morais fê-lo a 15 de Abril do ano passado, dias depois de anunciar que pretendia concorrer a Presidente da República. E a declaração de início de funções, em 2002, foi entregue já fora do prazo.

Em 2014 teve rendimentos de 57.579 euros (33.342 em trabalho independente), mas não tem contas bancárias a prazo ou aplicações financeiras, nem contas à ordem de valor superior a 25.250 euros. Mantém o mesmo Daewoo Nubira desde 2000.

Que originou esta resposta: http://rr.sapo.pt/video/89751/paulo_morais_desmente_ter_declaracao_de_patrimonio_com_zonas_opacas

Entre outras coisas, diz que não existem zonas opacas e a dita declaração é pública e está no site dele, e que a declaração de rendimentos de cessação de funções deveria ter sido pedida pelo TC que, como não o fez, é culpa deles.

Como eu gosto de verificar tudo, lá fui eu:

  • No site, http://www.paulodemorais2016.com/, não encontro declaração nenhuma. Estou a ver mal?
  • Quanto à história do TC ter de pedir a declaração, parece não ser bem assim:

Lei n.º 4/83, de 02 de Abril

CONTROLE PÚBLICO DA RIQUEZA DOS TITULARES DE CARGOS POLÍTICOS(versão actualizada)

http://www.ministeriopublico.pt/iframe/controle-publico-da-riqueza-dos-titulares-de-cargos-politicos


Artigo 1.º

Prazo e conteúdo

Os titulares de cargos políticos e equiparados e os titulares de altos cargos públicos apresentam no Tribunal Constitucional, no prazo de 60 dias contado da data de início do exercício das respectivas funções (...)


Artigo 2.º

Actualização

1 - Nova declaração, actualizada, é apresentada no prazo de 60 dias a contar da cessação das funções que tiverem determinado a apresentação da precedente, bem como de recondução ou reeleição do titular.

Ou seja, a Lei diz que os titulares de cargos políticos é que têm de entregar as declarações até um prazo de 60 dias, seja devido ao inicio ou fim do exercício das funções.

 

 

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E já agora, um texto do Público, escrito pelo Francisco Louçã, sobre o Paulo Morais: Porque é que Paulo de Morais se cala sobre a corrupção?

Quote

Porque é que Paulo de Morais se cala sobre a corrupção?

Assisti ontem a uma cena lamentável do candidato Paulo de Morais. Interrogado sobre as “zonas opacas” da sua declaração de património, deu explicações rejeitando qualquer ambiguidade, ele lá saberá. Mas aproveitou ainda para culpar o Tribunal Constitucional pelo facto de ele, Paulo de Morais, não ter entregue a sua declaração de bens quando da cessação de funções públicas, quando deixou de ser vice-presidente da Câmara do Porto (há dez anos). Segundo o candidato, é o Tribunal que tem que pedir a declaração (o que é falso) e portanto se ele, Morais, estava em falta quando não fez o que lhe competia (entregar a declaração), é porque o Tribunal tem a culpa. É feio.

Este truque político decidiu-me a escrever sobre o candidato, para lhe colocar a minha pergunta: porque é que ele, que fala tão fluentemente sobre tudo, não diz nada sobre a corrupção?

Decerto alguns leitores se indignarão, afinal Morais fala muito sobre “corrupção”. Só que não é de corrupção que ele está a falar.

Ele fala do negócio desastroso das parcerias público-privado, fala da lei errada que isenta o pagamento de IMI a fundos imobiliários, a partidos, a igrejas e ao Estado, fala de muito erros de política e de administração. Só que discordar de uma medida ou acusá-la de ser lesiva do interesse público não permite dizer que se trata de corrupção. Corrupção é um crime concreto: pagar e receber dinheiro para levar a cabo um determinado acto, obtendo vantagem com ele. Isso é que é o crime e tem criminosos que devem ser julgados e presos. Pelo contrário, chamar corrupção a tudo é abdicar de punir os criminosos da corrupção. É simplesmente criar nevoeiro para não indicar os culpados.

Ora, esse é mesmo o problema de Paulo de Morais. É que ele tem que conhecer muito bem a corrupção. Morais foi membro da JSD desde os 16 anos e do PSD desde os 18, só tendo saído há dois anos quando começou a preparar a sua candidatura. Esteve portanto 35 anos num dos partidos que acusa de serem uma máquina de corrupção. Se é como ele diz, esteve no partido com 35 Orçamentos de Estado, muitos deles com o seu PSD no governo, enquanto que os seus colegas de partido se banqueteavam nesse “antro de corrupção” que é o parlamento, Morais dixit.

Mas nunca disse uma palavra sobre o assunto. Um culpado? Um caso? Uma corrupção? Nada. Trinta e cinco anos de silêncio e logo num partido que é um antro de corrupção, segundo Morais, de experiência feita.

Mas Morais, entretanto, nos anos de silêncio, beneficiou do seu partido e foi por ele colocado como vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, um cargo executivo de primeira importância, onde foram polémicos os processos de despejos que impôs em bairros sociais. Se, como diz o candidato, o seu partido é o antro da corrupção e cada câmara municipal outro tanto, esteve nos melhores lugares para provar, denunciar e combater a corrupção.

Em 2006, zangado com Rio por não ter sido incluído nas novas listas, e certamente indignado com a corrupção do PSD e da Câmara, terminou o seu mandato e ficou livre para dizer o que queria. Declarou então publicamente, e com que estrondo, que “houve um conjunto de pressões que se exerceram no sentido de a Câmara Municipal do Porto aprovar o projecto A ou o projecto B no sector do urbanismo, e muitas dessas pressões tiveram a ver com personalidades que desempenhavam cargos no próprio PSD”. Morais sabia tudo e até entregou um dossier às autoridades judiciais, que nada fizeram.

Portanto, ou é mais um caso grave de corrupção, o poder judicial mancomunado com o PSD e com a Câmara Municipal, ou o dossier não tinha nada. Admitamos o primeiro caso, é tudo uma rede de corrupção. Pergunta então o leitor ou a leitora: sabendo que é tudo uma rede de corrupção e tendo toda a informação sobre os culpados, porque é que Paulo de Morais se calou nos últimos dez anos sobre este assunto em que sabe tudo e pode pôr na prisão os corruptos?

Ele, que sabe quem foi no partido que pressionou para aprovar determinados projectos de urbanismo, corrupção pura, ele que pode testemunhar, denunciar na televisão, escrever no Correio da Manhã, indicar os nomes, certamente as quantias, porque é que está calado há dez anos? Bastava dizer um nome e a casa ia abaixo. Porque é que ficou sempre calado, dez anos a fio? Porque é que ficou no PSD mais nove anos depois de ter sabido das tais diligências de gente do PSD, certamente importante, para condicionar uns tais processos de urbanismo na sua gestão na Câmara?

Não sei porque está calado, não sei porque ficou no PSD, que sabia que seria esse ninho de corrupção, mas tem que haver uma explicação. Porque Paulo de Morais é ouvido com atenção por muita gente, que está preocupada com a lepra da corrupção. Podia ter falado e tinha que ter falado.

Ainda recentemente, a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES notou as suas afirmações categóricas sobre a corrupção nesse caso. Ele sabia tudo, tinha dados, conhecia os culpados no BES, tinha os papéis, podia desmontar tudo, não ficará pedra sobre pedra.

A Comissão, esperançosa, pediu-lhe documentos e informações. Paulo de Morais respondeu com algumas fotocópias de seus artigos de opinião em que repete que sabe tudo, tem dados, conhece os culpados, não ficará pedra sobre pedra. Mas os artigos de opinião não diziam nada. Perguntaram-se os deputados: não há um dado, um culpado, um caso? Nunca há uma conta, uma quantia, um fulano que recebeu e um sicrano que pagou, um favor que se fez? Nunca há nada de nada? A corrupção é só fumaça? Para o caso de os deputados terem ficado surpreendidos, Morais mandou então dizer que “se quiserem usem a lista (de artigos), se não quiserem da próxima vez não peçam” e não me aborreçam com detalhes de culpados de corrupção.

No BES como na Câmara do Porto ou no PSD, a corrupção é um estado de espírito que indigna Morais, que sabe tudo mas que se mantém calado sobre tudo – no partido durante 35 anos, depois no mandato de quatro anos na Câmara do Porto e por outros dez anos depois de ter saído da Câmara. O silêncio é a sua profissão. Sempre que podia acusar um corrupto concreto não disse nada sobre corrupção . Sabe tudo e esconde tudo.

Portugal precisa da energia da democracia para combater a corrupção. Mas para isso precisa de seriedade, rigor e verdade, não precisa de silêncios.

 

 

Edited by Jokeman
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Paulo Morais, esse exemplo de integridade e anti corrupção :rolleyes:

Vá lá que não demorou muito a descobrirem-lhe a careca, mais um homem do sistema na corrida ao tacho :y:

 

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Esse texto do Louçã é elucidativo. Não gosto do personagem, mas ele tem aí bons argumentos.

No entanto é preciso dizer que no caso das PPP e de outras políticas de vários governos, houve de facto corrupção (o vulgo "toma lá dinheiro para aprovares esta lei/contrato"), não tenho a menor dúvida e penso que a maioria dos portugueses pensa o mesmo (inclusivamente o Paulo Morais). O problema é que conseguir provar isso é quase missão impossível.

 

Já agora, só para esclarecer sobre as PPP, os contratos ruinosos que se fizeram (e não foram todos! há muitas PPP que resultaram) não foram só devido a corrupção. Em muitos desses casos houve só e apenas incompetência e experimentalismo, que resultaram em contratos ruinosos sem que tenha havido corrupção.

 

On 13/01/2016 at 1:22 PM, Vasco G said:

Fazendo um bocado de offtopic aqui é mais do que evidente que todos os anos as famílias terem de gastar centenas de euros em manuais escolares é uma vergonha, mas tente-se algo contra isso e vem logo o poderoso lobby das editoras bloquear a coisa. Não é preciso os manuais serem gratuitos, basta serem de aluguer, os alunos no início do ano recebem os manuais que seriam sempre propriedade da escola, no final devolviam em boas condições claro, os que não estivessem em condições eram cobrados.

Isso faz sentido. Se calhar faz tanto sentido que até é uma boa ideia de negócio. Porque é que não tentas?  :rolleyes:

A ideia não resulta por vários motivos, desde os putos estragarem os livros ao longo do ano, até ao lobby das editoras (sempre a mudar os manuais, etc).

Seja como for eu acho que o caminho nem sequer é por aí. O caminho são os livros digitais.

Edited by P4rthen0n
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18 hours ago, Jokeman said:

E já agora, um texto do Público, escrito pelo Francisco Louçã, sobre o Paulo Morais: Porque é que Paulo de Morais se cala sobre a corrupção?

 

 

 

Esse texto tem muito que se lhe diga.. começa logo com as zonas opacas de rendimentos que foi já desmentida.

http://rr.sapo.pt/video/89751/paulo_morais_desmente_ter_declaracao_de_patrimonio_com_zonas_opacas

Depois a questão das denuncias de casos de corrupção, já não é a primeira que eu vejo semelhante.. o que parece que toda a gente se esquece é que não são os cidadãos que investigam, quem investiga são as autoridades judiciárias coadjuvadas pelos órgãos polícia criminal (cfr. LOIC), era o que mais faltava qualquer cidadão para além do ato de cidadania de denunciar uma situação aparentemente ilegal ainda tenha que encontrar o nexo de causalidade entre A e B para aferir quem são os culpados para não ser julgado mais tarde na praça pública desta forma.

Artigo 1.º
Definição
A investigação criminal compreende o conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a averiguar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a sua responsabilidade e descobrir e recolher as provas, no âmbito do processo.
   
  Artigo 2.º
Direcção da investigação criminal
1 - A direcção da investigação cabe à autoridade judiciária competente em cada fase do processo. 
2 - A autoridade judiciária é assistida na investigação pelos órgãos de polícia criminal. 

 

É completamente forçado que alguém queira imputar responsabilidades de investigação a um cidadão que faz uma mera denuncia de algo que lhe parece ser uma ilegalidade.. em última análise poderá é ser imputado à autoridade judiciária competente ou aos opc se for o caso nunca ao cidadão que denunciou.

E para além do mais, ele acusa-o por generalizar o fenómeno da corrupção (coisa que PM já referiu 1001x ser algo sistémico, mas enfim) ele faz o mesmo juízo de valor quando o acusa de ter estado x anos ligado ao PSD e por ai fora (mas então ter estado ligado a um partido é sinónimo de falta de idoneidade?, e o Francisco Louça? e a generalização??)

Sinceramente muito fraquinho o texto.. não esperava porque até gosto do Francisco Louça mas começa-me a incomodar toda a manipulação de informação forçada que tem sido feita, mas enfim.. começo a resignar-me a que a solução deste sistema é o deixar andar para que isto bata mesmo no fundo o mais rápido possível para ver se algo muda de vez de forma séria.

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On 14/01/2016 at 9:27 PM, And0 said:

E para além do mais, ele acusa-o por generalizar o fenómeno da corrupção (coisa que PM já referiu 1001x ser algo sistémico, mas enfim) ele faz o mesmo juízo de valor quando o acusa de ter estado x anos ligado ao PSD e por ai fora (mas então ter estado ligado a um partido é sinónimo de falta de idoneidade?, e o Francisco Louça? e a generalização??)

O texto não diz isso.

O que o Francisco Louçã aponta é a incoerência do Paulo Morais nesse aspecto, porque por um lado acusa os partidos de serem corruptos, mas esteve num durante 30 anos e não apontar de forma clara os tais casos de corrupção e seus autores.

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On 12/01/2016 at 10:49 PM, mx101 said:

A tua ideia das funções de um PR é que é uma utopia.

 

Desclpa meter-me a meio da conversa, mas um candidato de política única não é um bom candidato.

Além do mais, o PR não é a pessoal ideal para defender políticas A, B ou C. Isso é para os deputados e o parlamento. 

O PR tem de ser um bom constitucionalista. Começa logo por aí. 

Portanto, olhando para o perfil dos candidatos, há lá muitos que não são adequados ao cargo a q se candidatam, basta ver as coisas com olhos de ver.

Que me digas que ele usa estas eleições como plataforma para suscitar interesse naquilo que defende e beneficiar disso no futuro em próximas eleições é uma coisa, mas para PR não me parece ter perfil. Tal como a maioria dos que lá estão (esta vai ser uma eleição em que se escolhe o menos mau). 

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