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Política Norte Americana: POTUS Donald Trump


Vasco G
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Repara que sempre que entrevistam um apoiante dele, a pessoa encaixa no estereótipo de americano que é gozado por essa net fora. Já o disse no passado e não mudei de opinião. O trump não leva avanço por ser um candidato de rutura e mudança, leva avanço porque muitos americanos têm pensamentos iguais ao dele.

Mas também vamos ser realistas, se ele fosse candidato num país europeu, também estaria no topo das sondagens só com o discurso anti estrangeiros.

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Hillary Clinton Email Archive

On March 16, 2016 WikiLeaks launched a searchable archive for 30,322 emails & email attachments sent to and from Hillary Clinton's private email server while she was Secretary of State. The 50,547 pages of documents span from 30 June 2010 to 12 August 2014. 7,570 of the documents were sent by Hillary Clinton. The emails were made available in the form of thousands of PDFs by the US State Department as a result of a Freedom of Information Act request. The final PDFs were made available on February 29, 2016.

https://wikileaks.org/clinton-emails/?q=&mfrom=&mto=&title=&notitle=&date_from=&date_to=&nofrom=&noto=&count=50&sort=0#searchresult

 

 

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O republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton venceram as primárias dos seus partidos no estado norte-americano do Arizona, que se realizaram na terça-feira, de acordo com os primeiros resultados divulgados pelas televisões.

SAPO24

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Clinton Claims Victory but Arizona's Voting Fiasco Dubbed "National Disgrace"

Shuttered polling places, endless lines, and widespread disenfranchisement—particularly for minority communities


Voters wait in line to cast their ballots at Pilgrim Evangelical Lutheran Church in Mesa, Arizona. Lines in the evening were around three hours. (Photo: Michael Chow/The Republic)Voters wait in line to cast their ballots at Pilgrim Evangelical Lutheran Church in Mesa, Arizona. Lines in the evening were around three hours. (Photo: Michael Chow/The Republic)

Something was amiss in Arizona on Tuesday. As Hillary Clinton claimed victory in the state's Democratic primary, thousands of voters were left out to dry, with shuttered polling places, endless lines, and widespread reports of disenfranchisement.

In Maricopa County, which includes the capital Phoenix, voters waited up to five hours to cast a ballot after the County Elections Office slashed the number of polling sites from 200 in 2012 to just 60 this year. As the state's most populous county, this amounted to more than 20,000 voters for every available polling location.

Notably, many Latino areas were left with either just one or no polling places. Maricopa County Recorder Helen Purcell defended that decision, saying, "we looked at an area, and factored into that how many early ballots we usually get in that area and how many people normally vote at the polls. We didn’t look at it as legislative districts. We looked at the overall picture of our voters." 

In response, Arizona Central columnist Elvia Diaz wrote, "So, it is no coincidence many poor and predominantly Latino areas didn’t get a polling place. Purcell and her staff figured few of them vote anyway. She just decided to discount them. Really."

And despite the sizable turnout, major news networks, including CNN, called the race just minutes after polls closed while many voters would still wait hours before even casting a ballot.

Bernie Sanders' campaign manager, Jeff Weaver, expressed frustration over the early call. "I’m not predicting victory, but I’m not predicting defeat, either," he told CNN. "I mean, we have to wait and see 'til the votes are counted." 

The Arizona Democratic Party is also investigating reports that numerous Democratic voters were mistakenly identified as "independent" in the voter database, which would exclude them from the closed primary. Many of the misidentified voters were given provisional ballots, which may not have even been counted.

As the Phoenix New Times reports, "the day was so hectic, that as it became clear Clinton won, Sanders supporter Sheila Ryan said she just couldn’t believe it: 'What about all the provisional ballots? What about all the ballots from [people still in line]? Are those getting counted?'"

What's more, just days before the vote, the state's Republican Governor Doug Ducey signed a law making "felony for anyone but a family member, roommate, caregiver, postal worker or elections official to collect early ballots," the Associated Press reported. The new law made it "nearly impossible for voter-outreach groups to collect and drop off early ballots."

As University of Florida professor Michael McDonald pointed out, Arizona is one of the states that would have required federal approval to alter its voting laws until the Supreme Court gutted the Voting Rights Act in 2013.

 

As Sanders supporter Patti Serrano told the Phoenix New Times, "I think there’s voter suppression going on, and it is obviously targeting particular Democrats. Many working -class people don’t have the privilege to be able to stand in line for three hours."

There were other issues too. A number of polling places reportedly ran out of ballots while four locations in Tucson received bomb threats forcing at least one to evacuate.

The disenfranchisement did not escape the attention of others, either, including Sanders himself.

 
 

Ultimately, Clinton was credited with winning 57.8 percent of the vote to Sanders' 39.8 percent. But more than have 36,000 people signed a White House petition calling on the Obama administration to investigate the voter fraud and suppression in Arizona.

 

 

 

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Noite gloriosa aproxima Donald Trump da nomeação

27.04.2016 às 8h16

Na espécie de Superterça-feira em pequeno formato, com cinco estados a irem a votos no nordeste dos EUA esta madrugada, o magnata destronou os rivais republicanos em todas as votações. Do lado democrata, Hillary Clinton venceu em quatro estados, com Bernie Sanders a garantir Rhode Island e a ficar assim à tona

949. É este o número de delegados eleitorais que Donald Trump já tem garantidos depois de ter vencido, como previam as sondagens, nos estados de Delaware, Connecticut, Maryland, Pensilvânia e Rhode Island, os cinco que foram a votos esta madrugada. O senador Ted Cruz e o governador do Ohio, John Kasich, nada puderam e de pouco lhes serviu – pelo menos para já – a aliança recém-formada e anunciada no domingo para negarem ao líder da corrida republicana a nomeação.

No discurso das vitórias, a partir de Nova Iorque, o magnata renovou as provocações a Kasich para tentar retirá-lo da corrida, referindo o baixo número de votos que o homem tido como o mais moderado da corrida republicana recolheu esta noite e questionando: "O que é que ele ainda aqui está a fazer?"

Neste momento, com 502 delegados ainda em disputa, Trump precisa de chamar a si pelo menos 288 outros representantes eleitorais para ultrapassar o mínimo de 1237 de que necessita para garantir a nomeação do partido. Isso ficou agora mais fácil, ainda que continue a ser possível que chegue à convenção nacional do partido sem ter ultrapassado esse limite mínimo. Se esse for o caso, os republicanos terão a sua primeira brokered convention, ou convenção aberta, em décadas, escolhendo internamente quem irá disputar a Casa Branca em novembro.

A julgar pelas votações desta madrugada, será Hillary Clinton a bater-se com ele nas eleições nacionais. Apesar de com margens mais curtas do que era antecipado pelas sondagens, a ex-secretária de Estado venceu em quatro dos cinco estados a votos, sendo derrotada por Bernie Sanders apenas em Rhode Island. Essa pequena vitória do senador pelo Vermont, inesperada dado que os inquéritos de intenções de voto antecipavam vitórias exclusivas de Clinton, é o suficiente para mantê-lo na corrida democrata para já.

A próxima etapa das primárias acontece já a 3 de maio, no Indiana, havendo 57 delegados republicanos e 92 democratas em disputa. Sob o pacto Cruz-Kasich, o governador do Ohio abdicaria de concorrer nesse estado para garantir que os seus votos vão para Cruz, numa derradeira tentativa de travarem Trump – com Kasich a receber, em troca, os eleitores do senador no Oregon (17 de maio) e no Novo México (7 de junho).

A julgar pelas primeiras horas de declarações públicas logo a seguir a terem anunciado esse acordo, é possível que este desabe ainda antes da ida às urnas no Indiana. "Menos de 12 horas depois de o pacto ter sido anunciado", escreve o "Washington Post", "Kasich voltou atrás na ideia ao declarar aos seus apoiantes no Indiana que devem, ainda assim, votar nele." O governador do Ohio planeia ainda continuar a angariar fundos no estado e mantém o encontro com o governador republicano Mike Pence. Entretanto, Cruz acusou-o de estar a retirar-lhe o estado prometido, garantindo por sua vez que vai continuar a pagar por anúncios anti-Kasich naquele estado. Ou seja, tudo boas notícias para Trump.

http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-04-27-Noite-gloriosa-aproxima-Donald-Trump-da-nomeacao

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Fim das primárias entre republicanos. Indiana consagra Trump e liquida Cruz

RENASCENÇA

09:01

O pequeno estado inscreveu o seu nome na história dos republicanos ao acabar com a expectativa de uma convenção disputada em Cleveland e ao acabar com a pretensão de um representante do ultraconservador Tea Party de disputar a Casa Branca.

Um ruidoso grupo de apoiantes de Donald Trump exibindo cartazes chama a atenção da caravana de Ted Cruz. O senador do Texas decide enfrentá-los e tentar o diálogo. A certa altura, Cruz diz que "a América será um país melhor…" e ainda não acabou a frase quando um dos manifestantes atalha "…sem você".

O vídeo invadiu todos os sites noticiosos e marcou a campanha das primárias no Indiana. Tornou-se o símbolo do embaraço que o senador enfrentou esta terça-feira – os eleitores republicanos do estado disseram inequivocamente nas urnas que preferem uma América sem Ted Cruz do que com Ted Cruz. Foram eles que acabaram com os sonhos do texano.

E foram eles que consagraram Donald Trump como o escolhido para ser o candidato do Partido Republicano à Casa Branca. Foram eles que liquidaram em definitivo a estratégia de Cruz e do establishment do partido para impedir Trump de conquistar a maioria dos delegados à convenção de Julho e poder aí disputar a nomeação do candidato oficial.

O pequeno estado do Indiana inscreveu assim o seu nome na história dos republicanos ao acabar com a expectativa de uma convenção disputada voto a voto em Cleveland; ao acabar com a pretensão de um representante do ultraconservador Tea Party de disputar a Casa Branca; ao consagrar um magnata do imobiliário sem militância partidária como o porta-bandeira do partido nas eleições de Novembro próximo. Exactamente 323 dias depois de ter lançado a sua candidatura, em cujo sucesso quase ninguém acreditava, Trump consegue uma proeza que ninguém conseguia desde Eisenhower, nos anos 1950: ser o candidato do partido sem ter militância e tendo até sido apoiante do partido rival por várias vezes.

São três consequências marcantes de uma eleição primária em que quem tudo apostou tudo perdeu.

Ausência na costa leste

Após duas derrotas pesadas nas duas últimas semanas – em Nova Iorque e em cinco estados da costa leste – Ted Cruz tinha definido o Indiana como o estado onde as coisas teriam de voltar a ser-lhe favoráveis, relançando a sua campanha anti-Trump, arrecadando os 57 delegados em jogo e preparando novas vitórias até às primárias da Califórnia em Junho, que encerrariam o processo.

Para isso, quase não fez campanha na costa leste, fez um acordo com John Kasich para que ele desistisse a seu favor evitando dispersar os votos anti-Trump, anunciou Carly Fiorina como a sua candidata a vice-presidente, obteve o apoio do governador do estado e intensificou os ataques ao adversário.

Mas nem tudo correu bem. A ausência na costa leste valeu-lhe um resultado humilhante nas urnas e zero delegados. O acordo com Kasich não foi bem recebido pelas bases. Uma maioria de 58% disse discordar dele e só 34% concordou; mas, pior ainda, 63% disseram que em nada influenciaria o seu voto, enquanto só 22% admitiu essa influência. E a verdade é que, apesar da desistência, houve ainda cerca de 8% de eleitores que votaram em Kasich, enquanto muitos outros terão preferido Trump a Cruz.

A apresentação de Carly Fiorina como candidata a vice-presidente também não teve os efeitos positivos pretendidos. Com um perfil ultraconservador muito semelhante a Cruz, Fiorina não trouxe qualquer mais-valia aparente à campanha e a sua indicação foi vista por muitos analistas como uma mera jogada táctica para vencer no Indiana e não como alguém com as qualificações necessárias para ser vice-presidente do país. Isto além do timing do anúncio do candidato a vice-presidente contrariar toda a tradição do partido.

O próprio apoio do governador do Indiana surgiu como algo embaraçoso. Mike Pence fez uma declaração de apoio a Cruz, mas ao mesmo tempo elogiou Trump e aconselhou cada eleitor a decidir por si… Foi um apoio quase envergonhado e sem um apelo ao voto em Cruz.

Por fim, Cruz intensificou o tom da sua retórica contra Trump, reagindo a um rumor lançado pelo multimilionário sobre uma alegada cumplicidade do seu pai com Lee Oswald, o assassino do presidente John F. Kennedy. Indignado, Cruz fez uma declaração pausada, reflectida, em que não poupou nos adjectivos para classificar Trump. Chamou-lhe "narcisista", "mentiroso patológico", "totalmente amoral", um "mulherengo em série" e prognosticou que se ele for eleito o país irá na direcção do abismo. Palavras que aparentemente não deixam margem de manobra para qualquer entendimento futuro, nem tão-pouco para um apoio, ainda que discreto, à candidatura de Trump.

Os eleitores republicanos do Indiana é que não se deixaram impressionar pelo tom solene e duro de Cruz e votaram à mesma por Trump. Deram-lhe uma vitória esmagadora com cerca de 17 pontos percentuais de vantagem, o que lhe deverá conferir os 57 delegados em disputa, e mandaram o senador para casa.

Um candidato alternativo?

Mas no seio do establishment republicano e entre centenas de opinion-makers conservadores há uma generalizada concordância com as palavras de Cruz. O que coloca, a partir de agora, a seguinte questão em cima da mesa: com a vitória de Trump nas primárias, quantos republicanos influentes se vão resignar à sua candidatura e quantos vão lutar por uma candidatura alternativa?

Até agora, os adversários de Trump acalentaram a esperança de o conseguir derrotar na convenção do partido graças a uma disputa voto a voto dos delegados, de que Ted Cruz sairia como vencedor. Mas com esse cenário afastado em definitivo, que hipóteses restam aqueles que entendem que o multimilionário significa a ruína ideológica e política do Partido Republicano?

Alguns já disseram publicamente que não votarão em Trump. Mas aqueles que pensam que a defesa dos valores do Grand Old Party (GOP) só pode ser feita através de uma candidatura genuinamente republicana vão concentrar forças para lançar alguém prestigiado no campo conservador que aceite entrar na corrida sem ter a consagração do voto das bases do partido. E alguns nomes foram já lançados, desde o de generais na reserva a senadores ou governadores.

O empreendimento parece de grande risco, mas os seus apoiantes preferem claramente uma corrida a três em que o campo conservador seja derrotado mas defenda durante a campanha os valores republicanos tradicionais do que uma derrota que julgam inevitável com Trump como porta-estandarte do GOP. É, segundo eles, a única forma de salvar a dignidade do partido.

A avaliar pelas primárias, porém, esta é uma preocupação sobretudo das elites do GOP, já que as bases acabaram por consagrar Trump como o seu candidato. Nesta terça-feira, logo após a desistência de Cruz, um membro da campanha de Trump revelou que estavam a ser inundados por ofertas de voluntários para se juntarem ao movimento. E o presidente do GOP, Reince Priebus, escreveu no twitter que agora o movimento "Trump nunca" deveria ser substituído pelo "Hillary nunca" e declarou-o "presumível nomeado". Por seu turno, Ari Fleischer, que foi porta-voz do presidente W. Bush, escreveu que "há muita coisa de que não gosto em Trump, mas prefiro-o a Hillary". Indícios de que talvez o multimilionário consiga unir o essencial do partido e evitar uma candidatura alternativa à sua.

Corrida com 17 pretendentes

Em todo o caso, as próximas semanas serão decisivas nesta matéria. A expectativa é que haja uma actividade frenética de ambos os lados que tanto pode acabar em colisão como em conciliação. Veremos o que nos reserva esta disputa, mais uma, no campo republicano.

Tudo isto enquanto, entre os democratas, a luta prossegue com uma vencedora virtual evidente, mas ainda não consagrada. Ironicamente era no seio do Partido Republicano que mais se falava de uma convenção disputada, negociada, mas agora é no Partido Democrático que se usa a expressão ainda com algum sentido. Bernie Sanders, que ontem bateu Hillary Clinton no Indiana, utilizou há dias a expressão para relembrar que se vai manter na corrida até ao fim e que vai à convenção para se bater pelas suas ideias e tentar que elas integrem a plataforma política do partido à Casa Branca.

É a uma negociação ideológica que se refere Sanders, já que o senador não tem quaisquer hipóteses de derrotar Hillary Clinton na nomeação. A vitória de ontem no Indiana foi certamente saborosa para as suas hostes, até porque contrariou as últimas sondagens que davam Hillary à frente cerca de 4% e acabou por perder por cerca de 5%. No entanto, como entre os democratas a distribuição de delegados é feita de forma proporcional aos votos, Clinton deverá conquistar menos seis delegados do que Sanders, o que é irrelevante para a contabilidade final, em que mantém ampla vantagem.

A permanência de Sanders na corrida, contudo, não deixa de ser um incómodo para Hillary porque a impede de se concentrar em exclusivo nos ataques de Donald Trump, que a partir de agora não vai dar tréguas.

É mais um aspecto irónico destas primárias: a corrida republicana começou com 17 pretendentes e terminou agora, enquanto a corrida democrática começou com quatro pretendentes e uma vencedora antecipada e ainda não terminou.

http://24.sapo.pt/article/rr-sapo-pt_2016_05_04_382118178_fim-das-primarias-entre-republicanos--indiana-consagra-trump-e-liquida-cruz

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Entretanto, Kasich anunciou que se retirou da corrida republicana e parece que o Ted Cruz vai fazer o mesmo. O Trump é assim o único candidato do lado conservador, mesmo sem precisar de chegar à convenção.

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Insultos e ameaças em Las Vegas: bem-vindos a uma convenção do Partido Democrata

ALEXANDRE MARTINS 

17/05/2016 - 22:43

A violência já é uma imagem de marca nos comícios de Trump. A profunda divisão entre apoiantes de Hillary Clinton e Bernie Sanders pode ter consequências nas eleições gerais de Novembro.

Agora que os principais líderes do Partido Republicano começam a engolir um sapo chamado Donald Trump como seu porta-voz nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, as atenções viram-se para o outro lado da barricada, onde os apoiantes mais fervorosos do senador Bernie Sanders prometem levar até ao fim a luta contra a princesa do Partido Democrata, Hillary Clinton. O ponto alto dessa batalha aconteceu no fim-de-semana passado, no estado do Nevada, onde a convenção do partido foi estável apenas na medida em que acabou como começou – com insultos, acusações de fraude eleitoral a favor de Clinton e intervenção da polícia.

Os vídeos captados durante a convenção estadual do Partido Democrata, que decorreu em Las Vegas, mostram um cenário não muito diferente de alguns comícios de Trump, só que neste caso os distúrbios aconteceram entre eleitores registados no mesmo partido.

Ao descontentamento com os políticos tradicionais – que são culpabilizados pelo agravamento das desigualdades –, somou-se o facto de muitos eleitores só agora terem percebido que as regras para a escolha dos candidatos oficiais dos partidos são, no mínimo, tão complicadas como as letras pequenas daqueles longos contratos que ninguém lê, e feitas à medida dos nomes teoricamente mais capazes de agradarem a independentes e até a alguns eleitores do partido adversário nas eleições gerais. No caso do Partido Democrata, há um ano poucos duvidavam de que esse nome era Hillary Clinton.

Com a entrada em cena de Bernie Sanders e da sua proposta de uma revolução política para reduzir as desigualdades, os eleitores do Partido Democrata dividiram-se em dois campos muito distintos – para muitos apoiantes de Sanders, Clinton é tão responsável por essas desigualdades como as principais figuras do Partido Republicano e os especuladores de Wall Street; para muitos apoiantes de Clinton, Sanders é um populista incendiário que pode dividir o país, uma espécie de Trump da extrema-esquerda.

Foi neste caldeirão de descontentamento com o mundo e de desconhecimento sobre a forma como operam as máquinas partidárias nos EUA que se cozinhou a convenção do Partido Democrata no Nevada – o último passo do complexo e confuso processo de distribuição de delegados por cada um dos candidatos.

Até ao último delegado 

A votação no estado realizou-se no já distante dia 20 de Fevereiro, através do sistema conhecido como caucus (reuniões que começam por volta das 19h, em que participam apenas eleitores registados no partido e onde se discute muito antes de se contar os votos), mas esse foi apenas o primeiro de três passos. Nesse dia, Hillary Clinton recebeu 52,6% dos votos e Bernie Sanders ficou com 47,3% – à partida, a antiga secretária de Estado receberia 20 delegados e o senador ficaria com 15.

Mas os números que todos vemos nas notícias no final de cada votação são apenas estimativas baseadas nas percentagens de voto. Depois desse primeiro passo, cada um dos condados do estado do Nevada realizou a sua própria convenção, e foi neste segundo passo que aconteceu o que muitos apoiantes de Bernie Sanders acreditaram ter sido uma reviravolta.

Como muitos dos apoiantes de Clinton que foram escolhidos no caucus de 20 de Fevereiro para a representarem nas convenções dos condados não apareceram nessas reuniões, Sanders conseguiu enviar mais representantes do que a sua adversária para a convenção estadual – a tal que se realizou no fim-de-semana passado e que acabou por decidir definitivamente quantos delegados seriam atribuídos a cada candidato.

À partida estavam em jogo 35 delegados, mas 23 deles foram distribuídos logo no primeiro passo – 13 para Clinton e dez para Sanders. A convenção estadual, em Las Vegas, serviu para distribuir os restantes 12. Ora, se as convenções nos condados tivessem decorrido como era previsto (se todos os representantes de Clinton tivessem comparecido), as contas seriam fáceis: desses 12, sete iriam para Clinton e cinco iriam para Sanders, num total de 25-15 a favor da antiga secretária de Estado.

Mas, segundo os apoiantes do senador, esse cenário inicial teria de ser alterado por causa da tal suposta reviravolta no segundo passo – os representantes de Sanders esperavam que o seu candidato ficasse com 17 delegados e que Clinton amealhasse 18.

Os problemas começaram logo na manhã de sábado, quando a responsável pelos trabalhos da convenção, Roberta Lange (uma apoiante de Hillary Clinton), quis validar o número de representantes de cada candidato que estavam na sala. A contagem final ficou em 1695 em nome de Clinton e 1662 em representação de Sanders, só que os apoiantes do senador começaram a protestar de forma veemente por dois motivos: porque a diferença entre os gritos de "aprovado" e "não aprovado" não foi perceptível; e porque muitos representantes estariam ainda à espera para entrar na sala.

As acusações de manipulação subiram de tom quando foi anunciado que 56 apoiantes de Sanders tinham sido impedidos de entrar na convenção, porque não tinham qualquer documento de identificação ou não se tinham registado como eleitores do Partido Democrata até ao dia 1 de Maio, como está definido nas regras – se a maioria desses apoiantes tivesse sido autorizada a entrar, Sanders teria mais pessoas do seu lado do que Clinton e poderia sair de lá com três delegados a mais para a convenção nacional, que vai decorrer em Filadélfia, em Julho.

Fosse qual fosse o resultado no Nevada (20-15 ou 18-17), Clinton manteria sempre a vantagem, mas esse facto só reforça a ideia de que a tão desejada união que o Partido Democrata espera ver à volta de um candidato, para ir com tudo para cima de Donald Trump, ainda está muito longe de ser alcançada.

No total, até esta terça-feira (antes das primárias no Kentucky e no Oregon), Hillary Clinton tem uma vantagem praticamente insuperável no número de delegados para a convenção nacional (1716 contra 1433, sendo necessários 2383 para garantir a nomeação), e a sua vitória deverá ser apenas uma questão de tempo – para dar a volta à situação, Bernie Sanders teria de derrotar a sua adversária por margens gigantescas em dois terços dos estados que faltam, incluindo a Califórnia, com os seus 546 delegados em jogo.

Para além da vantagem entre os delegados conquistados estado a estado (que não têm liberdade de voto na convenção nacional), Clinton tem também uma enorme vantagem entre os chamados "superdelegados", os mais de 700 membros do Partido Democrata que podem votar como entenderem (até agora, 524 declararam que vão votar em Clinton e apenas 40 vão apoiar Sanders, o que alarga de forma considerável a vantagem da antiga secretária de Estado – 2240 contra 1473).

Caso isolado ou 1.º round?

Durante grande parte do fim-de-semana, o que aconteceu em Las Vegas ficou em Las Vegas, já que poucas linhas chegaram aos jornais e às televisões. Mas a história ganhou tracção no início da semana e vários analistas começaram a questionar se a confusão no Nevada foi mais grave do que um episódio isolado – uma espécie de pequeno abalo que pode anteceder um terramoto na convenção de Filadélfia, com todas as implicações que uma reunião magna com cobertura televisiva nacional e internacional pode ter na união do partido na batalha contra Donald Trump em Novembro.

"A percepção de que a Comissão Nacional Democrática deu todo o seu apoio institucional a Clinton apenas aprofundou a divisão interna no partido. A ala Sanders está furiosa, e com toda a razão", escreveu Sean Illing, colunista dosite Salon e antigo professor universitário de filosofia e de política.

No mesmo site, Peter Gaffney, professor universitário de filosofia, cultura visual e esfera pública, e apoiante de Bernie Sanders, decretou o fim da era do voto útil e do menor dos dois males na política americana, depois de olhar para as várias manifestações de raiva, descontentamento e desilusão na actual campanha.

 

"Como sempre, a base do Partido Democrata quer esperar até ser tarde demais e então crucificar o mensageiro – essa tem sido a nossa estratégia desde que Ralph Nader 'estragou' a eleição [do candidato do Partido Democrata, Al Gore] em 2000. Não será altura de tentarmos algo diferente? A vida política de um país é como um relacionamento amoroso. Quanto mais se ignora a crise, mais ela se agrava. E não tenham dúvidas – Donald Trump e os seus comícios com sabor a camisas castanhas são também um sintoma desta crise."

Mas a convenção no Nevada não se ficou pelas acusações de fraude e por momentos em que se esteve à beira de uma cena de violência generalizada – a responsável do partido no estado, Roberta Lange, tem recebido ameaças de pessoas que diz serem apoiantes de Bernie Sanders, e que a acusam de ter favorecido Hillary Clinton.

"Tem sido abjecto. São mensagens com ameaças, contra a minha família, a minha vida, os meus netos", disse Lange ao New York Times. A responsável disse que recebeu mais de mil telefonemas e três mensagens de texto por minuto desde sábado à noite. Numa delas, a pessoa disse saber onde os netos de Lange estudam; noutra, alguém disse que a responsável devia ser "enforcada na praça pública".

As reacções contra o establishment do Partido Democrata chegaram mesmo à descrição sobre a Comissão Nacional Democrata na Wikipédia. Esta terça-feira foram feitas várias alterações ao texto, a descrever o partido como uma "organização desenhada para fazer com que Hillary Clinton seja eleita".

"A Comissão Nacional Democrata é uma empresa privada, desconhecida do povo americano, que rege o Partido Democrata dos Estados Unidos. O partido tem sido criticado por alterar as regras, apoiar candidatos e manipular eleições. Costumam apoiar um candidato que é apoiado por aquilo que é conhecido como os 1%, também conhecidos como os multimilionários americanos", lia-se numa das primeiras alterações, que ficam registadas no histórico da enciclopédia online.

Um porta-voz de Bernie Sanders, Michael Briggs, disse que o senador condena todo o tipo de violência e aconselhou o Partido Democrata a dar resposta à indignação de todos os eleitores. "O senador acredita que o Partido Democrata deveria encontrar uma forma de acolher as pessoas que têm sido estimuladas pela sua campanha", cita o New York Times.

Risco de divisão em Novembro

Seja qual for o resultado das primárias no Partido Democrata (se Clinton confirma a nomeação ou se Sanders opera uma inesperada reviravolta), o que está em causa é a união de um partido que se julgava estar mais pacificado do que o seu histórico rival, atirado para o meio de uma guerra civil entre mais facções do que se julgava possível existirem: o establishment actual e as suas referências Lincoln e Reagan; o movimento ultraconservador Tea Party; o populismo ultranacionalista de Donald Trump; e uma mão cheia de alas que juntam um pouco de cada uma delas.

No Partido Democrata não há tantas facções, mas muitos apoiantes de Bernie Sanders puseram em marcha um movimento que é conhecido como Bernie or Bust. Se Sanders não for nomeado, os apoiantes deste movimento têm duas hipóteses: ou escrevem o nome do candidato no boletim nas eleições gerais, ou votam no candidato dos Verdes.

À luz dos acontecimentos do fim-de-semana no Partido Democrata, sai reforçado um alerta do jornalista Bruce Shapiro na revista The Nation, dirigindo-se a quem está convencido de que Donald Trump não tem hipóteses de ser o próximo Presidente dos Estados Unidos: "O caminho de Trump para uma vitória improvável mas possível aponta numa única direcção: a mesma fraca afluência às urnas que fez dele o nomeado do Partido Republicano. Por outras palavras, transformando as eleições gerais numas primárias."

Dando como certa a nomeação de Hillary Clinton pelo Partido Democrata, Shapiro considera que a antiga secretária de Estado deve resistir à tentação de cortejar a direita conservadora, frisando que os tempos da frase de campanha "É a economia, estúpido", que ajudou Bill Clinton a vencer as eleições há 24 anos, deve ser enterrada: "Se a candidata Clinton quiser ser a Presidente Clinton – e se quiser garantir o apoio do Congresso para governar –, tem de começar por admitir a diferença essencial entre 1992 e este ano. Em 2016, a principal mensagem entre os eleitores do Partido Democrata e do Partido Republicano é 'É a desigualdade, estúpido'. Viragens à direita não conseguem dar resposta a esta realidade."

https://www.publico.pt/mundo/noticia/ameacas-e-cadeiras-pelo-ar-bemvindos-a-las-vegas-e-ao-partido-democrata-1732240

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