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Cientistas Dos Eua Infectaram Guatemaltecos Com Doenças Sexualmente Transmissíveis


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Cientistas dos EUA infectaram guatemaltecos com doenças sexualmente transmissíveis

É um “episódio vergonhoso da história médica”, diz a presidente da comissão que avaliou o caso. Entre 1946 e 1948, cientistas norte-americanos infectaram deliberadamente prisioneiros, prostitutas e doentes mentais guatemaltecos com sífilis e gonorreia. Pelo menos 83 pessoas morreram.

As experiências médicas que cientistas norte-americanos realizaram junto de populações vulneráveis da Guatemala já eram conhecidas, o Governo dos EUA pediu desculpa. Mas agora a comissão presidencial norte-americana para as questões da bioética trouxe novos detalhes e concluiu que “houve um esforço deliberado de enganar” os que participaram no estudo. Centenas de guatemaltecos foram deliberadamente infectados com sífilis e gonorreia.

A comissão, promovida pelo Presidente norte-americano Barack Obama, analisou mais de 125 mil documentos sobre estas experiências e deverá apresentar um relatório final em Setembro. Mas não há dúvidas de que o que aconteceu foi “um episódio vergonhoso da história médica”, diz a presidente da comissão, Amy Gutmann. As experiências envolveram cerca de 5500 pessoas e pelos menos 1300 foram deliberadamente infectadas com sífilis e gonorreia. Destas, só cerca de 700 receberam qualquer tipo de tratamento e pelo menos 83 acabaram por morrer.

“Não sabemos até que ponto estas mortes estiveram directa ou indirectamente relacionadas com as experiências, disse Stephen Hauser, membro da comissão de bioética e investigador da Universidade da Califórnia, ao apresentar os resultados preliminares da investigação. O que se sabe, adiantou, e que “houve um esforço claro e deliberado de enganar as pessoas nas quais foram feitas as experiências, a comunidade científica e a comunidade em geral”.

O estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Saúde norte-americano e feito em cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde e várias agências guatemaltecas, tinha como objectivo “provar a eficácia de uma série de medidas profilácticas, incluindo várias loções químicas e a administração de penicilina por via oral”, adiantou Hauser. Pretendia-se também conhecer os efeitos da infecção com sífilis no sangue e no corpo e determinar se havia diferenças quando a infecção provinha de parceiros infectados ou da inoculação do agente patogénico.

“Este caso representa um capítulo obscuro da história dos EUA e o melhor que podemos fazer como norte-americanos é esclarecê-lo”, adiantou Amy Gutmann. “Os que estiveram envolvidos no estudo não tiveram o mínimo respeito pelos direitos humanos”. A comissão concluiu, por exemplo, que sete mulheres guatemaltecas com epilepsia internadas num lar foram injectadas com sífilis na parte de trás do crânio, o que é um procedimento arriscado, e acabaram for ficar doentes. Outro caso envolveu uma mulher com sífilis, que sofria de uma doença terminal desconhecida. Os investigadores quiseram verificar o impacto de uma infecção adicional e contaminaram-na com gonorreia nos olhos e em outras zonas. Morreu seis meses depois.

Na Guatemala, o Presidente Álvaro Colom já tinha considerado estas experiências um crime contra a humanidade, mas o vice-presidente Rafael Espada adiantou à BBC que o Governo iria pedir formalmente desculpa ao povo guatemalteco porque nas experiências também foram envolvidos médicos locais.

O investigador norte-americano que dirigiu estas experiências, John Cutler, morreu em 2003. A sua equipa não informou os participantes sobre o estudo ou as suas consequências, concluiu agora a comissão de bioética norte-americana. A investigação permaneceu secreta durante décadas, até que no ano passado um historiador do Wellesley College descobriu registos sobre ela entre a papelada do médico que liderou a investigação.

http://www.publico.pt/Mundo/cientistas-dos-eua-infectaram-guatemaltecos-com-doencas-sexualmente-transmissiveis_1509774

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Mais uma mancha na sociedade. De certeza que este é apenas 1 caso entre muitos outros.

Fdx, como é que esses fdp conseguiam dormir quando iam para a cama?

Acreditavam o que estavam a fazer era pelo bem da medicina.

Tal como a medicina se deve ter desenvolvido nos campos de concentração, as ideias tinham algo em comum.

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só me surpreendo quando admitirem que criaram a sida.

Eu não.

surpreendido de admitirem, não de criarem.

Ah, então estou de acordo. Admitirem não admitem, mas mais cedo ou mais tarde vai sair cá para fora uma bomba dessas.

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Capítulo vergonhoso da história da Medicina sim, não haja dúvida. Sem escrúpulos para não dizer outra coisa.

A título de exemplo, o nosso bom Português Egas Moniz também conseguia dormir depois de ter realizado centenas de leucotomias a pacientes com doenças psiquiátricas graves pensando que os estava a ajudar. E passando o seu conhecimento a outros que por sua vez aperfeiçoaram a técnica que mais tarde se chamaria de lobotomia e que foi abolida há mais de 30 anos.

E ainda ganhou um Nobel de Fisiologia ou Medicina à custa disso.

Foi há mais 60 anos, por volta da altura do que se passou no artigo deste tópico.

Edited by Kinas_
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Há 60 anos não era talhante nenhum, é mesmo esse o meu ponto de vista. Nem ele se considerava nem a comunidade médica mundial, pelo menos a maioria.

E por acaso ele sempre defendeu que a leucotomia só deveria ser utilizada em humanos como último recurso. Já o Freeman optou por um processo diferente, a lobotomia, e esse sim basicamente arruinou a vida a muita gente e a muitas famílias. Os típicos casos do picador de gelo pelo olho, tantas vezes vistos em filmes de terror.

Edited by Kinas_
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O Egas disse claramente que baseou a sua revolucionária operação num estudo que foi realizado numa chimpanzé. Bateu-se ao nobel 5 vezes... O facto é que o nobel só foi dado porque na altura não havia grandes avanços. Quando ocorreu algo que mexeu com essa área, acharam que era genial andar-se a escarafunchar o cérebro das pessoas e lá lhe deram o nobel. Há uns tempos fizeram um programa sobre ele e lá até referiram que há quem defenda que esse nobel deveria ser anulado, pois apesar de ser uma técnica médica inventada com o melhor dos propósitos, a mesma técnica não pode deixar de ser classificada como bárbara e como uma página negra da neurologia, apesar de na altura não ter sido vista como tal.

Mas lá está, na época medieval também se achava que a tortura era um método eficaz para caçar bruxas. :P

Sinceramente não podemos por de lado a hipótese da fama e do proveito. Acho que ele quando se deitava tinha perfeita noção dos side effects daquilo, mas pronto...

Um nobel deve premiar algo que contribui para avanços, e que é manifestamente bom para quem usufrui da descoberta, e tal não se verificou com essa técnica dele uma vez que até podias deixar de ser violento, mas ficavas a babar-te para sempre... Esse Freeman então nem se fala, oportunista, americano, assassino.

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Exatamente onde queria chegar pelo exemplo que dás. Outros tempos onde se julgava que era o caminho certo, ou o menos incorreto.

Pelo que li, dos pacientes reportados do Egas,

1/3 - melhorou

1/3 - ficou igual

1/3 - piorou

Pobres coitados. O pedido de anulamento do Nobel foi realizado maioritariamente pelas famílias dos pacientes.

Edited by Kinas_
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