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Os Graffitis De Pompeia


Jokeman
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As frases revelam aspectos curiosos e hilariantes do dia-a-dia de uma cidade romana: gladiadores garanhões, amores desencontrados, paixões assolapadas, rivalidades, insultos, provocações e zangas.

Por exemplo, um problema muito irritante para o dono de uma casa em Pompeia era a quantidade de vezes que os seus muros eram usados para defecar. Farto de tanta porcaria à porta de casa, um deles inscreveu o seguinte: «Cuidado, tu que cagas neste sítio! Que a ira de Júpiter se abata sobre ti se ignorares este aviso!» Alguns não só faziam o serviço como se davam trabalho de deixar o testemunho para a posteridade: «Apollinaris, médico do Imperador Titus, defecou bem aqui».

Há quase dois mil anos os amores também se eternizavam assim: «Auge ama Allotenus». Há muitas mensagens como esta nas paredes de Pompeia, mudando só os nomes. E num quarto do que se pensa ter sido um pequeno bordel, uma declaração de amor: «Vibius Restitutus dormiu aqui sozinho e teve saudades da sua querida Urbana».

As fanfarronices também existiam nesses tempos, como se pode ver pela inscrição encontrada nos aposentos de um gladiador: «Celladus, o gladiador, faz as mulheres gemer!»

O graffiti chegava a ser usado como sistema de troca de mensagens entre dois homens lutando pela mesma mulher.

Severus escreve: «O tecelão Successus ama a escrava do estalajadeiro, Íris. Ela, contudo, não o ama. Mesmo assim, ele suplica-lhe que tenha pena dele. Quem escreve isto é o seu rival. Adeus.»

Resposta de Successus: «Invejoso, por que razão me desafias e te colocas no meu caminho? Submete-te a um homem mais bonito mas que está a ser tratado de forma errada».

Nova resposta de Severus: «Eu falei. Escrevi tudo o que tinha a dizer. Tu amas Íris, mas ela não te ama a ti».

Também puderam ser descobertas mensagens mais explícitas: «Myrtis, tu fazes grandes broches» ou então esta, assinada por Restitutus: «Restituta, tira a tua túnica, por favor, e mostra-me as tuas partes privadas peludas.»

O velho companheirismo macho: «Se alguém se sentar aqui, que leia isto primeiro: quem quiser uma queca deve procurar pela Attice; ela cobra 4 sestércios.»

Maldições quotidianas: «Chie, espero que as tuas hemorróidas se esfreguem muito umas nas outras para que te doa ainda mais do que tem doído!»

Declarações filosóficas: «Lucro é felicidade!» Ou esta: «O dinheiro não cheira mal!»

Este sítio contém algumas das inscrições aqui citadas. Este contém ainda mais.

Tantas tecnologias depois, não somos fundamentalmente diferentes dos homens e mulheres que viveram em Pompeia há quase dois mil anos.

Já agora, alguma informação geral, retirada da mesma fonte:

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Mesmo não sendo especialistas na história do Império Romano, quase todos ouvimos falar de uma cidade chamada Pompeia, situada a cerca de 22 quilómetros de Nápoles, na Itália.

A 5 de Fevereiro de 62 d.C, deu-se um terramoto que os investigadores acreditam ter sido de 7.5 na escala de Ritcher.

Os tremores de terra eram frequentes naquela região, mas este devastou templos, casas, pontes e estradas. Nenhum edifício escapou ileso. Grandes incêndios provocados pela queda de candeeiros a óleo aumentaram o caos.

Muitos saíram da cidade para nunca mais voltar. Os que ficaram – ninguém sabe ao certo quantos – dedicaram-se à reconstrução de Pompeia.

A 24 de Agosto ou 23 de Novembro do ano 79 d.C. (não existe uma teoria definitiva sobre a data certa), o monte Vesúvio entrou em erupção. Uma catastrófica erupção.

Choveram sobre a cidade ainda em reconstrução pedras incandescentes, lama, poeiras e cinzas; um rio de lava vulcânica arrasou-a por completo. Quase todos os habitantes morreram.

De um dia para o outro, uma cidade a recuperar das feridas de um terramoto ocorrido há 17 anos foi sepultada para sempre sob um manto de cinzas e pedras vulcânicas com 4 a 6 metros de espessura.

Pompeia só veio a ser descoberta em 1599 – mais de 1500 anos depois. As paredes então reveladas continham pinturas eróticas, muito pouco apropriadas ao espírito beato e rigoroso da época, pelo que foram novamente cobertas.

Pompeia foi redescoberta em 1748. As escavações revelaram então uma cidade petrificada no tempo e, por isso, um valioso espólio arqueológico.

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O arqueólogo Giuseppe Forelli tomou conta das operações a partir de 1860. Nas primeiras escavações, foram encontrados espaços vazios na camada de cinzas e, nesses espaços, restos humanos.

Forelli percebeu que se preenchesse esses espaços com gesso e depois retirasse cuidadosamente a cinza, ficaria com um molde dos corpos no exacto momento em que foram apanhados pela erupção. Esta técnica permitiu saber o que estavam a fazer, em que posição se encontravam e até o que vestiam as pessoas na altura da morte.

Ao contrário do que eu pensava antes de googlar informação para escrever este artigo, o que se vê nas fotos de Pompeia não são corpos mumificados, mas um vazio esculpido pelas cinzas ao qual um brilhante arqueólogo aplicou uma forma e uma espessura em gesso.

Fantasmas de gesso de um passado distante, mas nem por isso menos humanos ou impressionantes.

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