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Pimenta Machado Despeja O Saco


Jokeman
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PIMENTA MACHADO DESPEJA O SACO

- Em Março há eleições para os órgãos sociais para o Vitória de Guimarães. Vai ser candidato à presidência?

- (risos) Bom, tenho muito prazer de estar aqui depois de uma ausência de 6/7 anos dos meios de comunicação social. Ser baptizado com uma pergunta dessa...gravidade...bom.. Vamos ver. Sou sócio do Vitória, sou sócio honorário também, estive lá 24 anos, ajudei a criar aquele clube. Quando entrei o Vitória nada tinha dele. Tinha uma sede alugada onde tínhamos de fazer reuniões mais junto ou mais afastado da parede consoante a chuva caía na sala. Quando saí, deixei o património que todos conhecem. O clube foi o primeiro a ter um complexo desportivo, deixe o clube com cerca de 70 milhões de euros de activos e com 2,6 milhões de dívidas. Portanto, deixei o clube numa situação superavitária.

- A situação do clube degradou-se entretanto?

- Nunca mais acompanhei de perto a gestão financeira quer da primeira direcção quer da segunda. Pelo que me dizem, o Vitória estará muito pior a nível financeiro. No último relatório e contas verifiquei que estava íncito que o Vitória devia à banca cerca de 7/8 milhões de euros. São verbas muito importantes. Quando saí, o Vitória devia zero à banca. Devíamos ao Estado e a fornecedores mas à banca nada devíamos. Ora, estar a dever 8 milhões à banca quer dizer que, no mínimo, entraram no clube 8 milhões que não são do clube, são da banca. O que é preocupante para a realidade do Vitória. No meu tempo, o orçamento máximo que tivemos andava na ordem dos 6 milhões de euros. Hoje a realidade é completamente diferente.

- São esses números que ainda o estão a travar na vontade de voltar?

- Não. Quando entrei para o Vitória, o clube tinha um orçamento de 27 mil contos, cerca de 135 mil euros. Isto no dia 10 de Maio de 1980. Nessa altura, o clube tinha dívidas fiscais na ordem dos 1700 contos. Para nos habilitarmos, então, ao jogo do bingo, que estava na moda, tivemos de fazer um acordo com a Segurança Social a pagar em 20 prestações. Portanto, sempre me habituei a ser uma espécie de um trapezista não a atravessar o Niagara mas a gerir o Vitória Sport Clube. Logo, não é isso que me assusta. Há outras questões que me fazem ponderar. Por exemplo, a minha vida familiar neste momento está em Lisboa. É evidente que já tenho uma filha médica, outra filha farmacêutica, outra quase farmacêutica também, já tenho as minhas filhas mais lançadas. Podem dizer-me “ah, mas você agora vai fazer um hotel em Guimarães”. Também é verdade. Soube que a câmara tinha interesse em que a sociedade civil vimaranense avançasse com um hotel de charme em Guimarães e eu disponibilizei-me. Tinha uns prédios na Praça do Toural, que é o Rossio de Guimarães, e avancei, o projecto já está aprovado e isso vai-me obrigar a estar mais tempo em Guimarães. Vamos analisar com cuidado esta situação.

- Pode dizer-se que é um candidato possível?

- Terei que ser sempre até pelo meu currículo no Vitória.

“Emagreci 15 quilos e aprendi a cozinhar”

- Mas aqui é que está a novidade, toda a gente pensava que não voltaria ao futebol...

- Neste hiato afastei-me completamente do futebol. Dediquei-me a outras áreas. Olhe, dediquei-me à ginástica, ao jogging, emagreci 15 quilos desde que deixei o Vitória, melhorei as minhas tensões arterais (saí de lá com 16/11 e hoje tenho 13/8), dediquei-me à culinária, já sei cozinhar e faço-o com prazer e dedico-me também aos mercados financeiros.

- Por falar em cozinha, almoçou recentemente com Pedro Xavier, que já manifestou também a vontade de se candidatar...

- Jantei com o Pedro Xavier por causa do contencioso que ainda se arrastou entre mim e o Vitória. O Supremo Tribunal decidiu que eu tinha que entregar ao Vitória um determinado valor em virtude de um prejuízo que o clube teve por ter pago às finanças indevidamente um determinado imposto. Então, falei com o Pedro Xavier, na sua qualidade de presidente da assembleia geral e logo representante dos sócios, para lhe dizer: “Ò Pedro, o tribunal disse-me que eu teria de repor 60 e tal mil euros no Vitória e quero saber como é que é, isto é, se vocês vão reclamar esse dinheiro às Finanças ou se querem receber de mim e passam-me um documento para eu depois ir receber das Finanças. Só isto.

- Esta situação no fundo é o sumo que resultou depois de espremido todo o processo que o envolveu?

- É, é o que sobrou depois do tão famoso e badalado processo.

“Fui acusado de roubar através de indícios”

- Foi acusado de peculato...

- Exactamente. Fui acusado de muitos crimes. Para quem não sabe o que é peculato, peculato é roubar. Fui acaso disto e naturalmente fui absolvido. Todo este processo só foi possível por causa do circo mediático e pela investigação folclórica, aligeirada, incompetente, falsa e descuidada.

- Esta investigação teve uma autoria...

- Esta investigação foi desenvolvida pela Polícia Judiciária, os OPC’s, e pelo Ministério Público, por um tal senhor chamado João Ramos. Tudo isto criou o circo mediático que foi conhecido mas os tribunais encarregaram-se de demonstrar que os indícios não correspondiam a provas. Porque é que a justiça está desacreditada? Exactamente por causa deste folclore. Lamento dizê-lo mas uma das grandes responsáveis por esta situação de descrédito da justiça é a doutora Morgado. Por causa do modelo que se escolheu na área da investigação criminal. Segundo a doutora Morgado, o crime económico, o dito crime de colarinho branco, tinha de ser televisionado. Foi ele que o disse em entrevistas que deu em 2002. Isto é extremamente grave: haver julgamentos mediáticos com base em indícios, não em provas. É a mesma coisa que alguém sair de casa às sete horas para estar no emprego às oito e no emprego acontece qualquer coisa, indo a Judiciária a casa dessa pessoa perguntar se saiu de casa às sete horas mas argumentando que o facto de ter saído a essa hora não quer dizer que estivesse às oito no emprego. Havia um indício mas não havia provas absolutamente nenhumas. E desde 23 de Setembro de 2003 que a Judiciária e o Ministério Público sabiam a razão por que estava contabilizada a intermediação do Vitória. Ambos pediram rogatórias à Suíça para saber se era verdade o que eu disse em interrogatório judicial.

- Foi isso que o fez sair do Vitória?

- Foi, foi uma das razões. Estava a ser alvo de um processo judicial, tinha sido detido e havia problemas de coabitação orgânica. Saí para estarem à vontade, para investigarem o que quisessem.

“Hipotecaram o património e estouraram 6 milhões de euros...”

- Como reagiu quando viu o Vitória a constituir-se assistente neste processo?

- Lamentei. Mas isso fez parte de uma estratégia das pessoas que me sucederam, que eram incompetentes e incapazes e queriam dar uma má imagem do Pimenta Machado. Como não eram capazes de fazer o que realmente eu fiz, então havia que dar uma má imagem e criaram a imagem negativa de que o Pimenta Machado criou um passivo brutal, de que o Pimenta Machado deu cabo do Vitória, quando a realidade não era nada disto. O Pimenta Machado deixou o Vitória com um activo de 70 milhões de euros.

- E na I Divisão...

- Sim, na I Divisão, com um património intocável e um plantel valiosíssimo. Estes indíviduos, como realmente precisavam de dinheiro, cavalgaram essa onda contra o Pimenta Machado e enganaram os sócios convencendo os sócios a hipotecarem o património. Bom, hipotecaram o património e realizaram 6 milhões de euros que estouraram completamente. Depois, foram-se embora e deixaram o Vitória na II Divisão. Mas mais grave foi terem hipotecado o património.

- Está a falar de Vítor Magalhães?

- Estou a falar dele e não só. De todos os que estiveram com ele. Havia pessoas muito mais responsáveis que o Vítor Magalhães. Por exemplo, o presidente da assembleia geral na altura, também outro indíviduo que perdeu para mim umas eleições, um tal Arantes, e mais algumas pessoas. A própria comunicação social local, sobretudo uma rádio, foi muito responsável por toda a encenação que se criou. Essas pessoas foram responsáveis e a história vai julgá-las. Deram cabo do património do Vitória, levaram o Vitória para a II Divisão... Reparem, o Vitória era o quarto clube a nível de presenças contínuas na I Divisão, o Vitória era o 1.º clube do Minho, hoje é o Braga. Nos 24 anos que eu lá estive, o Braga só por três vezes ficou à frente do Vitória!

- Conforma-se com essa situação?

- Lamento muito. Evidentemente, tenho que felicitar a direcção do Braga mas como sócio do Vitória fico muito triste. A massa associativa do Vitória não merece isto. Neste momento há um erro de casting brutal no Vitória. Temos uma massa associativa de nível de Liga dos Campeões, de bairrismo e fervor clubístico, e temos dirigentes que não estão a esse nível.

- Podemos interpretar das suas palavras que está com vontade de voltar ao activo no futebol e na liderança do seu Vitória...

- O Vitória é um filho. Tenho quatro filhas e o Vitória é um filho meu. Eu é que criei aquilo tudo e, portanto, naturalmente tenho que olhar sempre para esse filho.

- O que lhe dizem os vitorianos quando vai a Guimarães?

- Sabem, a minha base de apoio sempre foi o povo, as pessoas que são bairristas, que nada têm para além do amor ao clube. Essas pessoas identificam-se comigo. Os adeptos do Vitória são adeptos especiais e merecem o melhor. Criou-se uma mística no clube, criou-se um sentimento guerreiro, de amor ao clube.

- Nota-se em si alguma nostalgia...

- Tenho pena, tenho pena daqueles sócios não terem outra contrapartida. Antigamente eu era uma voz solitária mas hoje sabe-se porque é que o Vitória não ganhava campeonatos algumas vezes. Hoje, as condições estão melhores e os adeptos do Vitória mereciam uma prenda dessas.

- Vai oferecer-lhes essa prenda em breve anunciando a sua candidatura?

- Vou pensar. Tenho saber como é que é aquele situação financeira. Vamos ver.

“Nas escutas percebe-se como o Boavista foi campeão...

- Gostava de ver o Braga campeão?

- (rindo) Essa é uma grande pergunta! Como vitoriano não lhe posso responder. Como vitoriano, jamais! Sou muito amigo do Mesquita Machado e pela amizade que tenho por ele gostava que ele tivesse essa alegria mas como vitoriano naturalmente que não gostava. Como não gostei quando o Boavista foi campeão, sobretudo pela forma como foi campeão.

- Pela forma como foi campeão?!

- Já nessa altura dizia em entrevistas que o Boavista era campeão porque aquilo era autoestrada via verde, valia tudo. Era a...verdade desportiva (risos). Hoje, nas escutas, vê-se o porquê do Boavista ter sido campeão. Confirma o que eu dizia há muito tempo. O Boavista era uma invenção do Valentim Loureiro. O Boavista não tinha condições. Não tinha sócios.

- Mas o Boavista foi campeão com o João Loureiro na presidência...

- Exactamente. Devido a outros factores.

- Que factores?

- Factores ligados à arbitragem. As escutas, mais de tudo o que eu estou para aqui a dizer, demonstram como era possível arranjar bons árbitros.

- Podemos deduzir que na sua opinião o Boavista foi bem condenado pela Comissão Disciplinar da Liga com a descida de divisão?

- Não conheço o processo. Sei que o Boavista ganhou um campeonato muito à custa dos árbitros. Disso não tenho a mínima dúvida. Mas não foi só o Boavista! Isto era o sistema que estava implantado. O que vem agora nas escutas é esse sistema.

- Também foi o paladino do sorteio dos árbitros...

- Sim e da divulgação dos relatórios dos observadores dos árbitros. E dos castigos aos árbitros. Hoje, ninguém fala dos castigos aos árbitros. Hoje, a actividade de ser árbitro é bem remunerada e se realmente se castigassem os árbitros encostando-os este seria sempre o melhor dos castigos. Aí, não errariam mais. Ora, eles prevaricam e no domingo seguinte já estão a apitar. Se quisessem realmente, as coisas resolviam-se, assim como essa história dos meios tecnológicos. Não é a ir para a Assembleia da República, isso é show-off. Isso resolvia-se se todos os clubes reunissem na Liga, comunicassem a decisão ao presidente da FPF para este sensibilizar as outras Ligas e Federações europeias.

“Vitória deixou três vezes de ser campeão por causa dos árbitros”

- Disse que o Boavista, e outros, foi campeão com a ajuda dos árbitros. O Vitória deixou de ser campeão alguma vez com a “ajuda” dos árbitros?

- O Vitória deixou por três vezes de ser campeão por causa dos árbitros.

- Tem a certeza?

- Absoluta. A situação mais clara foi em 1986/87. Dobrámos a 1.ª volta em 1.º lugar, fomos às Antas e fomos escandalosamente roubados. Anularam-nos um golo limpo marcado pelo Paulinho Cascavel, que nos dava o 3-2 e ficariamos com uma margem de 2/3 pontos a virar para a 2.ª volta. Mas não só. Em Elvas também fomos altamente prejudicados por um árbitro, coitado, que já morreu... Em 90/91, com o João Alves, dobrámos em 2.º lugar, com o Autuori em 1.º lugar.

- E depois?

- Depois, começámos a levar com as contrárias. Era isto. Mesmo há pouco tempo, com o Inácio, na épcoa de 2002/2003, tínhamos o futebol mais bonito e fomos escandalosamente roubado sobretudo contra o FC Porto e o Benfica. Não havia nada a fazer. As pessoas dizem-me às vezes: ‘Ò Pimenta Machado, você esteve lá 24 anos e nunca ganhou nada, ganhou uma supertaça e uns campeonatos nacionais de juniores...’ Como é que eram possível? Tínhamos bons jogadores, boas equipas mas na Hora H os árbitros arrumavam-nos.

- E hoje, é mais possível o Vitória ser campeão?

- Hoje é mais possível. Hoje, as coisas estão melhores. A Imprensa está muito mais em cima e as televisões mostram todos os lances. Há maior atenção.

“Eu é que recuperei o Jesus”

- Também já não se fala ao telemóvel...

- (gargalhada) Já não se fala ao telemóvel, é verdade. Hoje as coisas estão melhores. Não estão bem, ainda vejo alguns erros e estamos a assistir a uma transferência de poderes.

- Do Norte para o Sul?

- Sim, do Norte para o Sul. Mas também acho, por amor à verdade, que os clubes que melhor jogam futebol são o Benfica e o Braga. Fico contente pela parte do Benfica pois é o Jesus que está lá a treinar.

- É verdade, também foi seu treinador...

- Eu é que recuperei o Jesus! O Jesus estava ostracizado quando o contratei. Já não falo com ele há mais de um ano mas tive um período em que falei muito com ele. Inclusivamente, depois de sair do Vitória tentei que outros clubes lhe abrissem as portas.

- Foi um dos melhores treinadores que passou pelo Vitória?

- Foi. É um bom treinador, um grande profissional, em termos de tácticas muito sabedor. Como sabem, tive grandes treinadores no Vitória, desde o Pedroto, que na área da psicologia era ímpar. Tive o Marinho Peres, o Paulo Autuori, o Quinito, o João Alves, o Jaime Pacheco (que saiu por razões que nada tinham a ver com o futebol).

- E o actual treinador do Vitória, como vê o seu percurso no clube?

- É..é..é um rapaz que estava no Paços de Ferreira, não é? Tem feito um bom trabalho. Não o conheço mas conseguiu recuperar o Vitória. Foi afastado das taças mas essas são as vicissitudes.

- Conhece bem Pinto da Costa. Olhando para os últimos anos do seu percurso, não sente que o seu ciclo está a chegar ao fim?

- Não. A idade às vezes é uma fonte de sabedoria. No FC Porto sempre houve uma boa estrutura. Lembro-me que o FC Porto no tempo em que as associações de futebol tinham grande importância teve um grande ponta-de-lança, que era o Adriano Pinto.

- Mas Adriano Pinto não marcava golos...

- Mas dava a marcar, punha-os ali mesmo na linha de golo, era só encostar. Fez um grande trabalho.

- Quem é que está a tomar o poder a Sul hoje?

- O Benfica por toda a dimensão que está a mostrar, por todo este envolvimento, está a ressurgir. E deve-o muito ao Jesus pois no ano passado eram os mesmos e o Benfica estava moribundo. O Jesus é uma peça fulcral neste ressurgimento do Benfica.

- Com base na sua longa experiência, como analisa o trabalho de Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira e José Eduardo Bettencourt?

- Não posso responder a essa pergunta porque não estou muito dentro da gestão. Não vou muito pelo folclore tipo é o presidente do FC Porto, do Benfica ou do Sporting, logo, são grandes dirigentes. Isso nada me diz. O que me diz é o trabalho e os resultados. E aí, é indiscutível, o FC Porto apresentou resultados. Agora as pessoas em si, a mim nada me dizem. Passe a imodéstia, a nível do Vitória fiz um bom trabalho. O Vitória era zero e sai de lá com um património que todos conhecem e a deixar uma boa imagem a nível social. Os dirigentes do Vitória eram respeitados a nível nacional e a nível internacional.

«Não gosto de comissários políticos...»

- Hermínio Loureiro está a ter uma passagem positiva pela presidência da Liga?

- Não sou nada favorável aos comissários políticos. Nada. Foi um dos grandes males do Valentim Loureiro, quando se meteu na política. Futebol é futebol. Política é política. Fui convidado, quando fui presidente do Vitória, por todos os partidos, excepto o Partido Comunista, para a câmara de Guimarães e para a Assembleia da República e um dos convites foi feito, inclusivamente, pelo actual presidente da câmara de Guimarães, que foi a minha casa, a S. Torcato, convidar-me. Sempre rejeitei porque nunca quis misturar política com futebol. Porque depois há promiscuidade. Nesse aspecto, a Maria José Morgado tinha razão. Não tem razão quando diz, porém, que o futebol é um mundo de branqueamento de dinheiro sujo. Ela hoje deve corar de vergonha ao reler o que disse com base em indícios, o que foi de uma grande leviandade. E fê-lo na condição de directora adjunta nacional da Polícia Judiciária. Por isso digo que ela foi muito responsável pelo descrédito em que a justiça hoje se encontra pois criou expectativas muito altas e depois a nível de tribunais, a nível de provas, zero!

- Bem, sempre foi possível escutar o que se passa nos bastidores do futebol...

- Sim, naturalmente, e ainda bem. Ok, há aspectos negativos. Essas escutas foram muitíssimo importantes pois toda a opinião pública ficou a saber o que existia, o millieu do futebol português, como é que se construíam campeões, como é que se formatavam as coisas. Aí, ela foi importante.

- Quem é que gostava de ver na presidência da Liga?

- Alguém que conhecesse de futebol e que estivesse lá de forma desinteressada e sem conotações políticas. Já não têm idade mas o Fernando Martins e um João Rocha, por exemplo. Esses, sim, foram grandes dirigentes e fizeram obra. De resto, não estou a ver ninguém.

- Os clubes ainda se vão arrepender de terem criado a Liga?

- Sempre fui contra a Liga. A associação de Braga foi a última a apoiar e subscrever o documento que permitiu que a Liga começasse a operar e só o fez porque estava sufocada financeiramente. Fizeram um ultimato, uma chantagem a nível do Governo e da FPF. Só haveria dinheiro para as associações se o documento fosse subscrito. Com a Liga conseguiu-se o quê? Autonomizar a comissão disciplinar e a comissão de arbitragem e os clubes começaram a organizar os campeonatos. Em vez de termos problemas no conselho de disciplina da FPF passamos a ter problemas na comissão disciplinar da Liga, foi o que aconteceu. O modelo está errado. Devia haver um tribunal desportivo com magistrados judiciais em comissão de serviço para não ser o fulano A do clube A e fulano C do clube C a indicarem os elementos dessa comissão. Vimos o Filipe Vieira a dar mais importância às pessoas que indica para a Liga do que aos campeonatos, não foi? Para evitar estas coisas era melhor haver um tribunal desportivo, com duas instâncias, mas com prazos definidos e decisões rápidas. Esta história que está a acontecer com os jogadores do FC Porto é completamente caricata. A nível de arbitragem, sempre defendi a autonomia técnica e financeira do sector mas os árbitros não podem ser só premiados mas também têm de ser castigados e pecuniariamente e com a hipótese de serem afastados.

- Gilberto Madaíl deve continuar a FPF, embora continue a dizer que vai sair?

- Se ele disse isso, deve ir. Os cemitérios estão cheios de indispensáveis. Se quer ir embora, que vá embora. A nível desportivo a FPF tem conseguido bons resultados. Está cansado? Bem, tem direito a descansar...

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mas tb parece inegável que ele pôs o guimarães a ser um clube bastante bom.. Com recurso a quê não sei mas lembro-me do o Guimarães ser a melhor equipa do campeonato algum tempo.

Fixed...

:-

Edited by CMC_PUBLIKUM
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