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Estado Da Educação Em Portugal


camurso_
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Em parte concordo com o camurso_, mas na outra parte há uma certa razão por parte de alguns professores e alguns alunos.

Há merdas mal. Sempre houve e sempre vai haver. Nem tudo está mal.

Agora, como o Figos diz, imaginem: um gajo está doente e fode-se na escola por causa disso. Da mesma maneira que um "morango-rebelde" falta porque sim é má onda.

Em termos de aprendizagem é o mesmo: aprenderam ZERO!

Provavelmente, o "morango-rebelde" nem direito a exame diagnóstico (sim, porque o exame que os alunos não querem fazer, ou acham que não devem fazer é apenas diagnóstico, para saber se o aluno perdeu, efectivamente, o comboio ou não. Se perdeu, deve fazer sim senhora, um exame no final do ano lectivo), deveria ter direito.

Chumbava por faltas e pronto! Azar o dele!

Mas corrijam-me se estiver errado no que disser. :)

Mas também não é bem assim. Mas pronto, o tal exame diagnostico compensa.

Eu na Faculdade, ás aulas praticas ia a todas.

Agora as teoricas... Ir para lá ver o prof a meter Acetatos na parede e obrigar-nos a escreve-los? lol... Não se aprende nada...

Nessas não ia ás aulas, estudava depois em casa e no final tirava melhor notas dos que maior parte dos que foram ás aulas.

Agora nas aulas praticas é o contrario, quem falta perde logo e muito.

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Desculpem esta 'entreda de chispes', mas dar a opinião baseada na ignorância do que se passa dá nisto mesmo: Da maior parte dos replies que li aqui só vi bacuradas próprias de quem está completamente ao lado do que se passa. Resumindo, empranharam pelos ouvidos e pelos olhos aquilo que os jornalistas ou o governo passou cá para fora e não se deram ao trabalho de ler o memorando dos sindicatos, de ler o Estatuto da Carreira docente, de ler o regime de faltas dos alunos.

Raios, fdx! Antes de darem opiniões sábias, INFORMEM-SE crl!!!!!!

E já que não o fizeram, vou tratar de informar o fórum com DADOS CONCRETOS.

Peço desculpa por não o fazer agora porque estou na escola e vou ter agora uma reunião. No entanto mais logo deixo aqui o que NA VERDADE se está a passar no nosso sistema de ensino... sem juízo de opinião nem tomar partido do que quer que seja. Depois cada um tirará as suas conclusões.

Opiniões baseadas na ignorância dos factos, não muito obrigado.

Estou ansioso. Até para ver se bate certo com aquilo que a minha "sogra" diz, visto que ela é professora do ensino secundário.

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Peço desculpa mas não aceito que alguem atinja o topo de carreira só porque sim..

Haver uma profissão em que alguem que por exemplo é professor de historia sobe na carreira só porque tirou o curso de engenharia de minas é algo de utopico no minimo..

A classe dos professores sempre foi protegida em algumas situações. Estar na escola só as horas de ensino e depois vir para casa preparar as aulas??? Trabalhem lá as 40 horas.. preparem as aulas no estabelecimento de ensino...

É claro que há excepções.

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É verdade o que o jldr diz.. Já num outro tópico discuti com ele sobre isso, e eles não estão contra as avaliações propriamente ditas.. estão contra um n número de coisas, que vieram a ser implementadas e que não são lógicas, como p.e. terem de passar os alunos e se não os passarem, terem classificações negativas, ou o facto de os exames, estarem cada vez mais fáceis e ridículos... Outra tinha a ver com a progressão na carreira, e que não tem nada a ver com a história que estão para aí a contar...

Apesar de tb concordar que todos os professores, tal como kk um de nós, deve ser avaliado e só subir consoante isso... Por isso, nem estou a favor nem contra os professores.. Mas sou a favor, que qualquer profissão tem de cumprir objectivos elevados para subir na carreira, seja professor, seja estudante, ou outra coisa kk...

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Os professores não estão contra a avaliação... estão contra o fim da progressão automática da carreira.

Uns dos argumentos deles é que só podem "passar" um número limitado, ou seja, só os melhores é que progridem. Pergunto eu, para ir para entrar em medicina não é igual? Não entram só os melhores apesar de muitos excelentes alunos ficarem de fora? Que se faça o mesmo aos professores.

Acabem já com a progressão automática das carreiras. Querem receber mais esforcem-se por isso, eu no meu emprego faço o mesmo.

lol isso não é verdade, a ministra introduziu cotas, em relação ao numero de professores que passam a titular.Ou seja se numa escola a cota estabelecida for 15 vagas para titular, e se houver 16 professores com nota excelente, só 15 é que passam , ou seja um tem de ficar de fora. E é isso mesmo que os professores contestam, e com toda a razãoi.Com este sistema, mesmo os que merecem passar, não passam porque o numero vagas estabelecido já foi preenchido. Não é nada do que estás para aí a dizer.

Tenta informar-te melhor antes de vires comentar.

E para entrar em medicina não é cotas? são vagas! Quantos alunos excelentes não ficam de fora por umas decimas, parece-me certamente semelhante. Ou vais tu dizer-me que um aluno que tira uma média de 18 não é brilhante o suficiente para entrar em medicina? Se não houvessem cotas tens algúma dúvida que TODOS os professores eram avaliados pelos colegas com EXCELENTE?

Todos os anos os professores fazem greve, sempre foi e sempre será.

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É verdade o que o jldr diz.. Já num outro tópico discuti com ele sobre isso, e eles não estão contra as avaliações propriamente ditas.. estão contra um n número de coisas, que vieram a ser implementadas e que não são lógicas, como p.e. terem de passar os alunos e se não os passarem, terem classificações negativas, ou o facto de os exames, estarem cada vez mais fáceis e ridículos... Outra tinha a ver com a progressão na carreira, e que não tem nada a ver com a história que estão para aí a contar...

Apesar de tb concordar que todos os professores, tal como kk um de nós, deve ser avaliado e só subir consoante isso... Por isso, nem estou a favor nem contra os professores.. Mas sou a favor, que qualquer profissão tem de cumprir objectivos elevados para subir na carreira, seja professor, seja estudante, ou outra coisa kk...

Já perguntei e volto a perguntar:

Quando assinas um contrato qualquer, podes voltar atrás com o compromisso?

Eu estou-me a cagar se está bem ou mal feito. Isso é irrelevante e é por isso que o governo, e bem, não volta atrás. Os sindicatos assinaram ou não assinaram o acordo?

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É verdade o que o jldr diz.. Já num outro tópico discuti com ele sobre isso, e eles não estão contra as avaliações propriamente ditas.. estão contra um n número de coisas, que vieram a ser implementadas e que não são lógicas, como p.e. terem de passar os alunos e se não os passarem, terem classificações negativas, ou o facto de os exames, estarem cada vez mais fáceis e ridículos... Outra tinha a ver com a progressão na carreira, e que não tem nada a ver com a história que estão para aí a contar...

Apesar de tb concordar que todos os professores, tal como kk um de nós, deve ser avaliado e só subir consoante isso... Por isso, nem estou a favor nem contra os professores.. Mas sou a favor, que qualquer profissão tem de cumprir objectivos elevados para subir na carreira, seja professor, seja estudante, ou outra coisa kk...

Já perguntei e volto a perguntar:

Quando assinas um contrato qualquer, podes voltar atrás com o compromisso?

Eu estou-me a cagar se está bem ou mal feito. Isso é irrelevante e é por isso que o governo, e bem, não volta atrás. Os sindicatos assinaram ou não assinaram o acordo?

Acho que isso não tem nada a ver para o assunto, mas pronto!

Penso que estás a falar da progressão de carreira... mas o problema deles, não é o problema que estão a dizer por aí.. Procura noutro tópico semelhante, que está lá a resposta do JLDR... Pk o que vocês estão a discutir, não faz grande sentido.. Se por exemplo há 2 vagas para catedráticos, só vão subir 2 professores, se há uma vaga para director financeiro, só sobe uma pessoa... Isto é assim em todo lado, até no ensino secundário e básico, vocês é que estão a misturar coisas.. e a dizer que os professores querem que passados x anos, subam automaticamente de lugar, mesmo que não haja vagas.. o que é falso!

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É verdade o que o jldr diz.. Já num outro tópico discuti com ele sobre isso, e eles não estão contra as avaliações propriamente ditas.. estão contra um n número de coisas, que vieram a ser implementadas e que não são lógicas, como p.e. terem de passar os alunos e se não os passarem, terem classificações negativas, ou o facto de os exames, estarem cada vez mais fáceis e ridículos... Outra tinha a ver com a progressão na carreira, e que não tem nada a ver com a história que estão para aí a contar...

Apesar de tb concordar que todos os professores, tal como kk um de nós, deve ser avaliado e só subir consoante isso... Por isso, nem estou a favor nem contra os professores.. Mas sou a favor, que qualquer profissão tem de cumprir objectivos elevados para subir na carreira, seja professor, seja estudante, ou outra coisa kk...

Já perguntei e volto a perguntar:

Quando assinas um contrato qualquer, podes voltar atrás com o compromisso?

Eu estou-me a cagar se está bem ou mal feito. Isso é irrelevante e é por isso que o governo, e bem, não volta atrás. Os sindicatos assinaram ou não assinaram o acordo?

Acho que isso não tem nada a ver para o assunto, mas pronto!

Penso que estás a falar da progressão de carreira... mas o problema deles, não é o problema que estão a dizer por aí.. Procura noutro tópico semelhante, que está lá a resposta do JLDR... Pk o que vocês estão a discutir, não faz grande sentido.. Se por exemplo há 2 vagas para catedráticos, só vão subir 2 professores, se há uma vaga para director financeiro, só sobe uma pessoa... Isto é assim em todo lado, até no ensino secundário e básico, vocês é que estão a misturar coisas.. e a dizer que os professores querem que passados x anos, subam automaticamente de lugar, mesmo que não haja vagas.. o que é falso!

Nã, nã, nã!

Os próprios professores estão contra a progressão automática, segundo o que ouvi, na Comunicação Social. O que eles protestam, basicamente, é contra o modelo de avaliação. Que é muito burocrático, trabalhoso, etc. Mas esse modelo foi aceite pelos sindicatos. E aí é que está o motivo da minha "ira" contra as manifestações. O modelo foi aceite pelos sindicatos (digo-o porque foi assinado), logo, bem-feito, mal-feito, é para cumprir, pelo menos este ano!

Para o ano, volta-se a discutir/melhorar os processos...

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Os professores não estão contra a avaliação... estão contra o fim da progressão automática da carreira.

Uns dos argumentos deles é que só podem "passar" um número limitado, ou seja, só os melhores é que progridem. Pergunto eu, para ir para entrar em medicina não é igual? Não entram só os melhores apesar de muitos excelentes alunos ficarem de fora? Que se faça o mesmo aos professores.

Acabem já com a progressão automática das carreiras. Querem receber mais esforcem-se por isso, eu no meu emprego faço o mesmo.

lol isso não é verdade, a ministra introduziu cotas, em relação ao numero de professores que passam a titular.Ou seja se numa escola a cota estabelecida for 15 vagas para titular, e se houver 16 professores com nota excelente, só 15 é que passam , ou seja um tem de ficar de fora. E é isso mesmo que os professores contestam, e com toda a razãoi.Com este sistema, mesmo os que merecem passar, não passam porque o numero vagas estabelecido já foi preenchido. Não é nada do que estás para aí a dizer.

Tenta informar-te melhor antes de vires comentar.

E para entrar em medicina não é cotas? são vagas! Quantos alunos excelentes não ficam de fora por umas decimas, parece-me certamente semelhante. Ou vais tu dizer-me que um aluno que tira uma média de 18 não é brilhante o suficiente para entrar em medicina? Se não houvessem cotas tens algúma dúvida que TODOS os professores eram avaliados pelos colegas com EXCELENTE?

Todos os anos os professores fazem greve, sempre foi e sempre será.

Então explica-me, tens dois professores excelentes. Ambos merecem passar. Mas só há uma vaga. Como é que se faz? Quem é que passa?

Eu também sou totalmente contra as progressões automáticas, e concordo 100% que os professores sejam avaliados, mas não com este sistema de

avaliação que é ridículo e injusto.

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Mas aí é que está! Pode ser um sistema injusto, pode ser um sistema mau. Não digo que não o seja, nada disso. O que motiva a minha revolta está no facto de, aparentemente, os sindicatos não terem palavra. Eles ASSINARAM o acordo!

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Só para esclarecer outras coisas antes de o JLDR o fazer...

Já havia modelo de avaliação dos professores, antes de este estar a tentar ser colocado em vigor. O facto de vocês ouvirem que os professores têm de começar a ser avaliados é ridículo, porque já o eram antes....

Quanto ás queixas de progressão automática, todos concordar que nem todos merecem atingir o topo... Mas e se tu tiveres 5 indivíduos igualmente capazes de atingirem o topo, e te disserem que só 3 o podem fazer? È isso que querem começar a fazer...

Para sentires este último caso na pele, imagina que tinhas filhos/filhas, e que os tinhas na escola na mesma turma. O prof. dizia: só 2 de vocês podem ter excelente, 4 muito bom, e o resto é satisfaz. Isto numa turma de 25 alunos, e os teus filhos eram dos tais que até podiam ter excelente... Irias sentir-te satisfeito?

Depois é o próprio clima de afrontamento aos professores. TU não tens ideia de como os professores estão a ficar desmotivados com estas merdas. Agora não podes reprovar um aluno, não podes educar um aluno, etc, etc, etc...

Estão a tentar transformar os professores em babby-sitters dos miúdos, até eles terem tempo de sairem da escola (por acumulação de tempo).

E pá, e não acredito que vocês continuem a acreditar em todas as baboseiras que passam na comunicação social, sabendo que começamos a ter uma cambada de jornalistas acéfalos, e sem espírito de "jornalista de investigação". Basicamente, vivem num governo de propaganda e lavagem cerebral...

Portanto, nunca se acreditem no que é dito na TV (acerca da educação e do resto...)

Exemplo:

- qd foi a altura do lançamento do Magalhães, a equipa de comunicação do governo lançou uma notícia de que o magalhães era um produto totalmente português... Algum jornalista fez a devida investigação na altura? Não, copiaram e colaram o que lhes foi dado, mesmo que o "magalhães" já existisse e fosse utilizado noutros países... mas na TV passa que é um produto totalmente português, e o português comum "fica com essa ideia na cabeça"

Isto para te mostrar que a realidade que se passa na educação, é muito diferente daquela que tu ouves a ministra da educação falar na TV. Portanto, não é a clareza da tua exposição que te dá razão quando não conheces na realidade aquilo de que estás a falar.

Edited by principiante
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Vamos lá então esclarecer o que se passa para que todos percebam. Só vou fazer um pequeno juízo de opinião no final, mas não me vou alongar muito. Convém mesmo é que saibam do que se trata o problema actual que envolve os professores, os alunos e o sistema de ensino em Portugal.

O problema dos alunos

Estuto do Aluno

Ao que parece o problema foi hoje (aparentemente) resolvido pelo Ministério da Educação com um envio de um esclarecimento em forma de despacho para as escolas.

O problema resumia-se essencialmente à questão das faltas dos alunos. No Decreto-Lei 3/2008 de 18 de Janeiro - Estatuto do Aluno do Ensino Básico e Secundário - no artº 19, ponto 4 - Diz que as faltas têm que ser justificadas num prazo máximo de 3 dias úteis após a falta, quando no anterior regime, o aluno tinha 6 dias úteis. Alguns alunos só se encontram com o director de turma 1 vez por semana. No modelo antigo dava para entregar, porque eram 6 dias de prazo. Agora o aluno vai ter que descobrir o Director de Turma para lhe entregar a justificação, o que pode ser um problema nas escolas grandes. Mas isso não é difícil de resolver.

O problema está no artigo 22º, ponto 2, que dizia que um aluno que tivesse faltas, independentemente de serem justificadas ou injustificadas, caso ultrapassasse o limite, tinha que ser submetido a uma prova de recuperação. E logo em seguida, nas alíneas a), B) e c) do ponto 3, surgiam as consequências de uma nota negativa nessa prova:

- O aluno ter um plano de acompanhamento;

- O aluno ser retido = chumbado

- O aluno ser excluído no caso de não estar dentro da escolaridade obrigatória.

Na prática, o João estava doente durante 3 semanas. Apresentava justificação da doença, mas era submetido à prova porque tinha ultrapassado o limite das faltas. Caso tivesse negativa na prova, podia ser reprovado imediatamente, no caso de ter menos de 15 anos/9º ano, ou excluído(chumbado) no caso de estar fora da escolaridade obrigatória. Resumindo, um aluno sem culpa por estar doente, fazia depender a passagem de ano no resultado da prova.

O Ministério da Educação, depois de toda a contestação e de ter escutado as Associações de Pais, veio responder com um despacho de clarificação, que na realidade é uma alteração à Lei, uma vez que contradiz o que estava escrito:

Despacho Clarificador

(...)Desta forma, o referido despacho determina que das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória.

A prova de recuperação, a aplicar na sequência de faltas justificadas, tem como objectivo exclusivamente diagnosticar as necessidades de apoio, tendo em vista a recuperação de eventual défice das aprendizagens, o que faz com que não possa ter a natureza de um exame.(...)

Isto não é um despacho de clarificação, mas sim uma alteração. Só que não admitiram a alteração. O que o Sec. Estado Valter Lemos veio dizer é que as escolas é que estavam a interpretar mal o Estatuto do Aluno. Tirem as vossas conclusões.

Relativamente aos Professores

Isto já foi discutido noutros tópicos. Genericamente a situação é a seguinte:

- Os professores (contrariamente ao que o Sócrates diz) sempre foram avaliados. Só que a avaliação que tinham era um 'pro-form' que não passava de um relatório sobre o trabalho desenvolvido. Havia depois uma comissão de avaliação dos relatórios e o resultado era que todos tinham Satisfaz no final. Quem quisesse ter uma nota mais alta, pedia para ser avaliado para tal e era criada um conselho de avaliação composto por entidades externas à escola e o professor tinha que ir defender o trabalho realizado, etc. Não era fácil ter outra nota diferente de Satisfaz.

Na prática toda a gente progredia na carreira de forma automática (porque não tinham avaliações negativas), o que era injusto quer para os bons professores, quer para a sociedade em geral. Os maus professores continuavam a dar aulas.

- Entretanto a progressão automática nas carreiras foi suspensa em 2005 - já por este governo - até que se encontrasse um modelo de avaliação. Isto quer dizer que foi parada a progressão normal dos professores na carreira e só depois disso é que começaram a pensar numa forma de os avaliar. Poupou-se imenso dinheiro porque os que haviam de progredir não progrediram e ficaram no mesmo escalão. Além disso, durante 2 anos, o tempo de serviço não contou para o novo modelo de progressão. Foi como se o pessoal não tivesse trabalhado durante esses 2 anos.

Certamente não fazem ideia do que eu vou dizer, mas este modelo de avaliação proposto pelo Ministério da Educação foi importado do Chile. Do Chile porquê? Porque o Sec. Estado Valter Lemos - o verdadeiro Ministro da Educação, porque a Ministra é um 'fantoche' neste processo - foi fazer um mestrado à América do Sul e trouxe de lá este modelo. E o modelo acenta essencialmente nesta sequência de realidades:

1º Criou-se um novo grupo de professores - os Professores Titulares. Estes professores foram destacados dos outros de acordo com o trabalho que realizaram ao longo dos últimos 7 anos. O que quer dizer que um professor com 30 anos de serviço pode ter ficado atrás de um outro com 15 anos de serviço, desde que este último tenha tido mais cargos que o primeiro. Não interessa se foi melhor ou pior professor. Desde que tenha sido mais vezes Director de Turma, Delegado de disciplina, whatever, passa à frente.

2º Foi dada a função a esses professores Titulares de avaliarem os seus colegas. Acontece que a escola está dividida em 4 grandes conjuntos de disciplinas. O que acontece na prática é que no grupo de Matemática e Ciências Experimentais, um professor de Ciências da Natureza pode ter que avaliar um colega de Matemática. No grupo de Expressões, um colega de Educação Física pode ter que avaliar um colega de Educação Musical. Um colega de Geografia, pode ter que avaliar um colega de História. Isto é o prato do dia em todas as escolas. Não há nenhuma que não tenha destas confusões.

3º Metade da nota do professor é dada pelo Titular responsável pela sua avaliação. A outra metade é dada pelo Conselho Executivo. Para isto foram criados instrumentos de medida. São grelhas extremamente pormenorizadas que procurar detalhar ao mínimo todos os items possíveis. Algumas grelhas têm mais de 6 páginas!

4º Foram considerados items verdadeiramente surreais:

- Se um aluno abandonar a escola, o professor é prejudicado na avaliação - Se o pai e a mãe decidirem tirar o aluno da escola, a culpa é do professor.

- Se os alunos tiverem piores notas do que no ano anterior, a culpa é do professor - Se o aluno decidir cagar para as aulas, só porque teve positiva no ano anterior, deve ter positiva no presente ano.

Entre outras pérolas do sistema...

O Ministério diz que é para premiar os professores, mas estabelece cotas para atribuição de notas. Se numa escola existirem 4 professores absolutamente extraordinários, mas o ministério disser que só podem ser 2 excelentes, os outros dois vão ser penalizados.

Além disso, se o professor titular que me vai avaliar for meu amigo, que lata vai ter ele para me dar uma nota negativa se eu realmente a merecer???? Que raio de justiça é essa?

Peço desculpa pelo relambório. Havia muito mais a dizer, mas fica para um próximo reply.

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Ok, JLDR, eu li com atenção o que escreveste.

Responde-me, apenas, a uma ou duas questões:

-Estatuto do aluno - quem decide qual seria a medida a aplicar, caso o aluno tivesse uma nota negativa na prova?

-Avaliação dos Professores - Em Abril, afinal de contas, houve ou não houve um "acordo" assinado entre o sindicato e o Ministério?

-Quem, melhor que os próprios professores, para dar uma avaliação justa?

Edited by camurso_
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-Estatuto do aluno - quem decide qual seria a medida a aplicar, caso o aluno tivesse uma nota negativa na prova?

As decisões desse tipo são sempre da responsabilidade do Conselho de Turma e depois ratificadas pelo Conselho Pedagógico. O que acontecia no caso da legislação é que, apesar de não ser obrigatória a retenção do aluno, abria essa possibilidade. Neste caso, com a alteração que o Ministério fez hoje, a clarificação é bem objectiva dizendo que NÃO PODE servir para reter os alunos.

-Avaliação dos Professores - Em Abril, afinal de contas, houve ou não houve um "acordo" assinado entre o sindicato e o Ministério?

Não. O que foi assinado foi um memorando. Não teve nada a ver com o modelo de avaliação no que diz respeito ao seu conteúdo e à sua forma. Prendeu-se exclusivamente com aspectos funcionais do sistema de avaliação, nomeadamente para os professores contratados que, no final do ano lectivo passado (Maio / Junho) foram obrigados a serem avaliados pelo novo modelo de avaliação mas de forma muito simplificada. Depois há outros pontos lá pelo meio, nomeadamente a necessidade da criação de uma Comissão Paritária na qual os professores têm acento por intermédio dos sindicatos (que são os seus representantes democráticos nas negociações), comissão essa onde é permitido que os sindicatos, por exemplo, apresentem propostas para serem levadas ao Conselho Nacional de Avaliação.

Podes ler o documento AQUI. É pequeno. É fácil e rápido de ler.

-Quem, melhor que os próprios professores, para dar uma avaliação justa?

Quem deve avaliar um professor de Matemática do 2º ciclo deve ser alguém com formação pedagógica e científica em Matemática do mesmo ciclo, com mais tempo de serviço/experiência profissional e, preferencialmente, com pós-graduações científico-pedagógicas (mestrados ou doutoramentos em ciências da educação, etc.). Deve ainda ser alguém de fora da escola, que não tenha qualquer tipo de relação afectiva com o avaliado (seja para o bem ou para o mal) de forma a que o resultado da avaliação não seja fruto do facto de serem amigos ou inimigos.

Um professor de História não pode nunca ser bem avaliado por um professor de Geografia, certo? Um professor de Educação Musical, avaliado por um professor de Educação Fisica??? :unsure:

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Ainda bem que não seguia a carreira de Professor. Ia ser só dores de cabeça :-..

Uma coisa eu sei, de acordo com o que está ai, eu dava Nota Máxima a todos os alunos, fossem burros ou inteligentes. Assim eu saia beneficiado, era um excelente professor :P

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Uma coisa eu sei, de acordo com o que está ai, eu dava Nota Máxima a todos os alunos, fossem burros ou inteligentes. Assim eu saia beneficiado, era um excelente professor :P

Pois, tás a ver Rev. Mesmo a brincar consegue-se dar razão à falácia deste modelo. É que, para além de ser altamente burocrático e injusto, quase que impele os professores a inflacionarem as notas para depois não serem prejudicados na sua própria avaliação. Mas isso não me surpreende, até porque a ministra da educação, aqui há cerca de 1 mês atrás, numa apresentação do Magalhães teve a lata de dizer qualquer coisa neste sentido:

"Agora que temos as escolas equipadas com computadores e com quadros interactivos, deixou de haver razões para os alunos chumbarem".

:lol:

Atenção que eu e a grande maioria dos professores não somos críticos de tudo o que se faz. Há coisas que mudaram na nossa educação para muito melhor:

- A modernização dos equipamentos das escolas no que toca ao parque informático;

- A rede de bibliotecas escolares está muito boa;

- A alteração das horas de aulas para 90 minutos foi uma medida positiva;

- A acção social escolar ainda vai contribuindo para algumas crianças andarem na escola, caso contrário os pais não podiam sustentar os filhos;

- Algumas (poucas) regras de gestão da escola em termos de autonomia.

Mas o resto é mau demais para ser verdade. Algumas das medidas são de agora, mas outras mantêm-se de outros governos anteriores.

E este processo de avaliação dos professores não serve nada para premiar os bons professores e nem serve para atirar para fora os medíocres (que esta profissão tem à semelhança de todas as outras profissões). Só serve mesmo para poupar dinheiro até onde é possível poupar, nem que seja sacrificando o clima de trabalho nas escolas e os resultados reais das aprendizagens.

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Excelente esclarecimento JLDR, agora resta continuar com a luta. A cada dia que passa, mais e mais escolas suspendem este sistema de avaliação, mas a nossa querida ministra continua a dizer que o processo está a decorrer com normalidade em todas as escolas do país... è mais um exemplo da honestidade desta senhora.

Mas a minha preferida foi quando ela foi para a televisão dizer que a avaliação constava de uma única ficha que o professor tinha de preencher até ao final do ano léctivo...

Edited by sithlord
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:lol:

Das duas uma: Ou ela não sabe realmente do que se passa actualmente nas escolas, ou então está permanentemente a enganar os portugueses, sabe-se lá porquê.

Quando ela vem dizer que nenhuma escola tem o processo de avaliação suspenso, baseia-se na leitura da Lei no sentido de clarificar que as escolas não têm o poder de suspender algo que foi imposto pela Lei por intermédio do Estatuto da Carreira Docente. Pois, aí tem razão. As escolas não têm poder legal para suspender uma Lei. No entanto usa essa artimanha para enganar a opinião pública - que a esta altura já percebeu que a senhora mente com todos os dentes que tem na boca.

A Lei não foi suspensa, mas o processo de avaliação está parado. ;)

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  • 2 years later...

Bump* :-..

Tribunal Constitucional "chumba" revogação da avaliação de professores

O Tribunal Constitucional declarou hoje a inconstitucionalidade da revogação da avaliação do desempenho docente.

O Tribunal Constitucional declarou hoje a inconstitucionalidade da revogação da avaliação do desempenho docente, cuja fiscalização preventiva tinha sido pedida pelo Presidente da República.

O Presidente da República requereu a 7 de Abril ao Palácio Ratton a fiscalização preventiva das constitucionalidade das normas dos quatro artigos do Decreto nº 84/XI da Assembleia da República que aprovou a "Suspensão do actual modelo de avaliação de desempenho dos docentes e a revogação do Decreto Regulamentar n.º2/2010, de 23 de Junho".

A revogação do sistema de avaliação dos professores tinha sido aprovada a 25 de Março pela oposição parlamentar, com os votos favoráveis de PSD, PCP, BE, PEV e CDS-PP e contra da bancada do PS e do deputado social-democrata Pacheco Pereira.

No mesmo dia, o PS anunciou que iria suscitar a fiscalização da constitucionalidade do decreto, caso este chegasse a ser publicado em Diário da República.

O artigo 1.º do diploma em causa determinava a revogação do decreto-regulamentar que definia as regras do modelo de avaliação de desempenho em vigor.

"Até ao final do presente ano lectivo, o Governo inicia o processo negocial sindical tendente a aprovação do enquadramento legal e regulamentar que concretize um novo modelo de avaliação do desempenho docente, produzindo efeitos a partir do ínicio do próximo ano lectivo", lê-se no artigo 2.º.

O diploma estabelece ainda que até à entrada em vigor do novo sistema de avaliação e até ao final de Agosto de 2011 são aplicáveis os procedimentos previstos num despacho de 2010, que diz respeito à "apreciação intercalar" de desempenho, ou seja, a avaliação fica centrada num relatório de auto-avaliação.

O artigo 4.º determina que a lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação em Diário da República.

"Violação do princípio da separação e interdependência dos órgãos de soberania"

O Tribunal Constitucional justificou hoje a declaração de inconstitucionalidade da revogação da avaliação de desempenho dos professores, aprovada pela oposição, com a "violação do princípio da separação e interdependência dos órgãos de soberania".

"O Tribunal Constitucional decide pronunciar-se no sentido da inconstitucionalidade das normas constantes nos artigos 1.º e 3.º do decreto [...] por violação do princípio da separação e interdependência dos órgãos de soberania, consagrado no n.º 1 do artigo 111.º da Constituição da República Portuguesa com referência às alíneas c, d e e do artigo 199, todos da Constituição da República", afirmou o juiz conselheiro Vítor Gomes, relator, na leitura do acórdão.

O relator acrescentou que o TC decidiu ainda "pronunciar-se pela inconstitucionalidade consequencial das restantes normas do mesmo decreto".

A decisão, acrescentou, foi tomada por "unanimidade quanto à norma do artigo 1.º e por maioria quanto às restantes".

Votaram integralmente a decisão os conselheiros Vítor Gomes, relator por vencimento, Carlos Fernandes Cadilha, Maria Lúcia Amaral, com declaração de voto, Maria João Antunes, Joaquim de Sousa Ribeiro, Catarina Sarmento e Castro, com declaração de voto, Ana Guerra Martins e o conselheiro vice-presidente Gil Galvão e o conselheiro presidente Rui Moura Ramos.

Os conselheiros João Cura Mariano, Carlos Pamplona de Oliveira, José da Cunha Barbosa e José Borges Soeiro apenas acompanharam a decisão quanto à inconstitucionalidade da norma do artigo 1.º, tendo votados vencidos quanto à inconstitucionalidade das restantes normas, com declaração de voto.

No mês passado tinha sido revogado na Assembleia da Republica pelos partidos da oposição, aproveitando a queda do governo e a "pedido" do PR.

B)

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Então basicamente o tribunal revoga o regime que estava anteriormente :lol:

Não crl, o que o tribunal fez foi revogar aquilo que os partidos da oposição tinham feito por ser inconstitucional.

Ministra diz que decisão do Tribunal Constitucional é "vitória do sistema educativo"

A ministra da Educação aplaudiu hoje a declaração de inconstitucionalidade da revogação da avaliação dos professores, pelo Tribunal Constitucional, que classificou de "uma vitória do sistema educativo" contra o que disse ser a "irresponsabilidade e oportunismo da oposição".

O Tribunal Constitucional declarou hoje a inconstitucionalidade da revogação da avaliação do desempenho docente - que foi aprovada há cerca de um mês pela oposição na Assembleia da República - cuja fiscalização preventiva tinha sido pedida pelo Presidente da República.

O Governo "avisou" os partidos que a suspensão da avaliação dos professores, aprovada pela oposição mo Parlamento, era "injustificada, imponderada e abrupta", afirmou hoje a ministra, em conferência de imprensa.

A governante garantiu que o processo de avaliação dos docentes continua a correr com normalidade.

Para Isabel Alçada, a posição dos partidos da oposição denota "uma caça ao voto em vésperas de eleições".

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