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Portugal Esconde Mortos Nas Estradas


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Segurança rodoviária

As autoridades admitem rever a forma como são contadas as vítimas.

Portugal esconde mortos nas estradas Número de mortos nas estradas pode ser até 40% superior, se as vítimas nos hospitais forem incluídas

Número de mortos nas estradas pode ser até 40% superior, se as vítimas nos hospitais forem incluídas

Morre-se mais nas estradas portuguesas do que dizem os números oficiais. Estudos da PSP e do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) provam que as estatísticas de sinistralidade que o Governo envia para a União Europeia não reflectem a realidade. De acordo com o INML, no primeiro semestre do ano morreram em todo o país 487 pessoas em acidentes de viação e não 347, como diz a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Mais 40%. Em Lisboa os números da polícia, relativamente aos últimos três anos, são o dobro dos registados pela entidade tutelada pelo Ministério da Administração Interna. Em 156 mortes ocorridas, apenas 80 foram registadas.

O Governo sabe que as vítimas mortais de acidentes rodoviários são muito mais do que os números divulgados. Mesmo assim, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, e o presidente da ANSR, Rui Marques, estiveram lado a lado esta semana a anunciar resultados de sucesso em matéria de sinistralidade. Menos 44 mortos até 15 de Setembro que em igual período de 2007. Valores longe de serem os reais.

Desde 1998 o total de mortes que entra na base de dados europeia - para a qual Portugal apenas envia aquelas cujo óbito foi declarado no local do acidente - é aumentado em 14%. Este factor de correcção resultou de uma estimativa feita na altura por autoridades hospitalares, como sendo a percentagem aproximada de feridos graves que faleciam nos hospitais. Informações obtidas junto ao gabinete da Direcção de Transportes da UE dizem que Portugal é o único país que só conta a mortalidade verificada no local do acidente.

Mas, segundo um trabalho feito na Escola Superior da PSP, coordenado pelo comandante do núcleo de investigação de acidentes, uma possível melhoria de eficácia dos meios de socorro tem feito com que as vítimas sejam retiradas dos desastres mais depressa, vindo a morrer depois no hospital, sendo assim subtraídas às estatísticas.

Este estudo, feito por um oficial finalista da Escola, com base em números oficiais da PSP de Lisboa, mostra que as mortes nas unidades hospitalares, eram de 38% em 2005, de 48% em 2006 e em 2007 atingiram os 62%.

A nível nacional essa mesma evidência é dada pelo INML: em 2007 foram autopsiados 1178 vítimas de acidentes de viação, mais 37% que diz a ANSR no seu relatório. Já este ano, a diferença mostra que o factor de correcção devia ser, pelo menos, o triplo. Até 30 de Junho foram feitas 487 autópsias, mais 140 mortes que o número do MAI.

"Este desajuste preocupante", escreve o oficial da PSP na sua investigação, "impede que os valores registados, mesmo com os factores de correcção, representem eficientemente a realidade", sob pena de "neutralizar a estratégia" contra a sinistralidade.

Em Dezembro do ano passado, o Expresso publicou um artigo no qual, através de um cruzamento de dados estatísticos da PSP, a Procuradoria de Lisboa e a Direcção-Geral de Saúde, já se demonstrava algumas discrepâncias. Na altura o gabinete de Rui Pereira respondeu pela ANSR - cujo presidente nunca foi autorizado a falar - afirmando que continuava a confiar na estimativa feita há 10 anos.

Desta vez, mais cauteloso, o porta-voz oficial admitiu que não podem ignorar mais tempo a realidade. "No âmbito da Estratégia de Segurança Rodoviária, por sugestão da ANSR e proposta da Secretaria de Estado da Protecção Civil, vai ser criado um grupo de trabalho para verificar qual é o método mais adequado e rigoroso para quantificar o número de mortos", declarou.

Ao que o Expresso apurou, para esta mudança de atitude contribuíram pressões a vários níveis, junto à ANSR, por parte quer dos especialistas da polícia, quer de associações cívicas.

Uma delas, a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados prepara-se até para denunciar a situação ao mais alto nível. "Vamos apresentar uma queixa à Organização Mundial de Saúde, à Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu por estar a enviar estatísticas falsas", garante Manuel João Ramos, dirigente da ACA-M, para quem "o Governo não pode continuar a ignorar estas mortes, à custa das quais faz a sua propaganda".

Se enfrentar a realidade, Portugal voltará ao fundo na tabela europeia. Em vez do 12º lugar, entre os 27 da UE, em que nos encontrávamos em 2006, cairíamos para o 19º lugar. Só com países de Leste atrás de nós.

ACIDENTES MORTAIS

487

autópsias a vítimas de acidentes foram feitas no primeiro semestre deste ano

347

é o número de mortes assumido pela Autoridade de Segurança Rodoviária para igual período

150

pessoas morreram em acidentes em Lisboa nos últimos três anos. Na estatística oficial ficaram apenas 80

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E muita atenção ao seguinte dado que faz toda a diferença:

Quando uma corporação de bombeiros chega ao local do acidente e se depara com cadáveres, e quando o corpo do sinistrado se encontra sem lesões visíveis que indiquem morte instantânea, o que normalmente acontece é que os bombeiros dão o sinistrado como ferido muito grave, metem-no na ambulância e dão o ferido grave (o tal que morreu no local do acidente) como cadáver que morreu durante a viagem até ao hospital. Esta história foi-me contada há 1 ou 2 anos atrás e a explicação é muito simples.

Se o sinistrado for dado como cadáver no local do acidente, é necessário que se desloque até ao local do delegado de saúde. Ora, em muitas circunstâncias o delegado de saúde pode demorar mais de uma hora (ou mesmo algumas horas) a chegar ao local do sinistro. Os bombeiros, como não estão para perder o seu tempo no local, dizem que o sinistrado ainda estava vivo no local, mas ao ser transportado para o hospital acabou por falecer.

Quem tem contacto directo com corporações de bombeiros deve saber desta história bem melhor do que eu.

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Não é propriamente daquelas coisas que me retiram o sono...

se alguem que valorizas morrer na estrada, ai será algo que te vai retirar o sono...

mais sensibilidade sff

Ela não desvaloriza mortes, mas como a contagem é feita diria eu. Bastante diferente.

sendo assim percebi mal, peço desculpa :)

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Não é propriamente daquelas coisas que me retiram o sono...

se alguem que valorizas morrer na estrada, ai será algo que te vai retirar o sono...

mais sensibilidade sff

Ela não desvaloriza mortes, mas como a contagem é feita diria eu. Bastante diferente.

sendo assim percebi mal, peço desculpa :)

Estás desculpado.

E, já agora, existem casos em que o indivíduo parece estar morto e afinal não está.

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Não é propriamente daquelas coisas que me retiram o sono...

se alguem que valorizas morrer na estrada, ai será algo que te vai retirar o sono...

mais sensibilidade sff

Ela não desvaloriza mortes, mas como a contagem é feita diria eu. Bastante diferente.

sendo assim percebi mal, peço desculpa :)

Estás desculpado.

E, já agora, existem casos em que o indivíduo parece estar morto e afinal não está.

Isso era na Idade Média, por altura da Peste Negra em que algumas pessoas eram enterradas vivas.

Agora não estou a ver alguém 'enganar-se' a esse ponto... penso eu.

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