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Fernando Pessoa - 70º Aniversário Da Sua Morte


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A felicidade exige valentia.

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não

esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela

vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,

incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos

problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no

recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter

medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para

ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

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lisbon revisited 1923

NÃO: Não quero nada.

Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!

A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!

Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!

Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas

Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —

Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.

Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.

Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?

Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?

Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.

Assim, como sou, tenham paciência!

Vão para o diabo sem mim,

Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!

Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!

Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.

Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —

Eterna verdade vazia e perfeita!

Ó macio Tejo ancestral e mudo,

Pequena verdade onde o céu se reflete!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!

Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...

E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Álvaro de Campos

É o meu preferido dele, pk me valeu subir de 6 para9 a português!! Depois ainda acabei com 11, por isso não se queixem!

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A felicidade exige valentia.

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não

esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela

vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,

incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos

problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no

recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter

medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para

ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

GENIAL, Genial mesmo.

:god:

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Eu adoro este:

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,

Serviram-me o amor como dobrada fria.

Disse delicadamente ao missionário da cozinha

Que a preferia quente,

Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.

Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.

Não comí, não pedi outra coisa, paguei a conta,

E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?

Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,

Particular ou público, ou do vizinho.

Sei multo bem que brincarmos era o dono dele.

E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,

Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram

Dobrada à moda do Porto fria?

Não é prato que se possa comer frio,

Mas trouxeram-mo frio.

Não me queixei, mas estava frio,

Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

e do que o Green_Hawk falou, destaco a linha:

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Brutal!

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Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,

Serviram-me o amor como dobrada fria.

Disse delicadamente ao missionário da cozinha

Que a preferia quente,

Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.

Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.

Não comí, não pedi outra coisa, paguei a conta,

E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?

Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,

Particular ou público, ou do vizinho.

Sei multo bem que brincarmos era o dono dele.

E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,

Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram

Dobrada à moda do Porto fria?

Não é prato que se possa comer frio,

Mas trouxeram-mo frio.

Não me queixei, mas estava frio,

Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Realmente depois de enfardar 2 garrafões de tinto carrascão e fumar umas substâncias ilicitas um gajo acaba sempre por dedicar um poema á bela da dobrada á moda do porto que como toda a gente sabe não pode ser servida fria :|

Mas espera... provavelmente deve ter alguma mensagem profunda por baixo de toda aquela indignação pela dobrada ter vindo fria.

Eu é que não a vejo...

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Um poeta ENORME !!!!!

Destaco alguns dos poemas que gostei mais:

Cheio de Deus, não temo o que virá,

Pois, venha o que vier, nunca será

Maior do que a minha alma.

Fernando Pessoa, a Mensagem, mais concretamente "D. Fernando, Infante de Portugal"

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis

(...)

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

O mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar...

Alberto Caeiro, Poema segundo

E claro, o poema do inicio do post é lindo também :y:

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Grande poeta

Olhos do meu Amor! Infantes loiros

Que trazem os meus presos, endoidados!

Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:

Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.

Neles ficaram meus palácios moiros,

Meus carros de combate, destroçados,

Os meus diamantes, todos os meus oiros

Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!

Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas

Enigmáticas campas medievais

Jardins de Espanha... catedrais eternas

Berço vindo do Céu à minha porta

Ó meu leito de núpcias irreais!

Meu sumptuoso túmulo de morta!

Edited by dark_shadow_rules
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X. MAR PORTUGUÊS  

Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu.

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