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E Estão Eles Preocupados Com Cartoons ... <_<


PiNi-PoM
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Ainda relacionado com este tema e o outro, permitam-me uma dissertação muito boa, tal como a outra que aqui coloquei:

Danças com ‘rottweilers’

Domingos Amaral

Não há um único português que não demonstre uma grande garganta e uma bravata de toureiro em defesa da sacrossanta ”liberdade de expressão”.

A crise dos ‘cartoons’ lembrou-me uma história, cujos protagonistas são um homem e um ‘rottweiler’ que todos os dias se cruzavam na rua. Um dia, o homem decidiu que ia dançar em frente do ‘rottweiler’, só para o provocar. O ‘rottweiler’ obviamente atacou-o. A caminho do hospital, a sangrar de várias feridas, o homem gritava que tinha o direito de dançar na rua, em frente de quem ele quisesse. Houve gente que defendeu energicamente o seu ”direito à dança”. Eu acho o homem um parvo.

Se criticar a Opus Gay, sou considerado um sinistro homofóbico. Se defender o Ku Klux Klan, ou atacar a comunidade negra, sou um porco racista. Se gozar com câmaras de gás, e escrever holocausto com letra pequena, sou um sacana de um anti-semita. Se ofender os ciganos, sou xenófobo. E, se defender Hitler e usar uma suástica, sou considerado um canalha nazi. Porém, se fizer um ‘cartoon’ de um Maomé bombista, o mundo levanta-se a defender a minha ”liberdade de expressão”. Infelizmente, o que esta crise confirmou é que os muçulmanos estão agora no fim da escala de valores ocidental. Não têm, como outros grupos ou raças, direito a ”discriminação positiva”. Pelo contrário, são odiados. São, como disse Sarkozy, ”escumalha”. Osama conseguiu unir o Ocidente pela raiva.

Somos todos dinarmaqueses? Quem tentou imitar o ”somos todos americanos” do ”Le Monde” do dia 12 de Setembro de 2001, esqueceu um detalhe: no 11 de Setembro, a América foi vítima de um ataque que matou quase 3000 pessoas. Na crise dos ‘cartoons’, os agressores iniciais (os cartoonistas e o jornal dinamarquês) tornaram o seu país, a Dinamarca, numa vítima dos radicais islâmicos. Foi um processo estranho e complexo, mas que não convida à solidariedade. A única coisa que aprendi sobre a Dinamarca é que lá também existem idiotas. Nada de surpreendente, há-os em todos os países. Mas, não costumo solidarizar-me com eles. Este desejo de unir o Ocidente (o ”somos todos”) é perigoso. Não somos todos idiotas, nem somos todos de extrema-direita. Entre um muçulmano radical e um ocidental radical, venha o Diabo e escolha. Eu não escolho. Quem aceitar o ”nós” contra ”eles”, aceita e promove a armadilha terrorista.

Em Portugal, existem imensos especialistas no Islão. Não há ‘opinion maker’ que não tenha a sua teoriazinha islâmica. O Islão é ”agressivo”, o Islão é ”fanático”, o ”Islão é político”, o ”Islão está em guerra”, etc. Uma das coisas boas de ler a imprensa portuguesa é que substitui qualquer necessidade de ler livros de história. Desde a mil vezes repetida máxima de que ”no Islão não há separação entre a religião e o Estado”, até às menos óbvias teorias invocando ”a queda de Granada”, tivemos direito a tudo. Eu confesso que sei pouco sobre o Islão. Mas sei que Maomé é o profeta deles. Insultá-lo ofende todos os muçulmanos, sejam moderados ou fanáticos, e isso é perigoso. E estúpido.

Em Portugal, existem também inúmeros corajosos. Há imensa gente que não vai ”ceder” ao medo, que vai ”combater pela nossa civilização”, que nunca irá ”capitular” ou ”ceder à chantagem dos fanáticos”. É por isto que amo apaixonadamente Portugal. É tão tuga, tão ”agarrem-me se não eu vou lá”, tão passional na defesa dos ”valores”. É divertido, pois sendo Portugal um país com pouca experiência de guerras ou ataques terroristas, não há um único português que não demonstre uma grande garganta e uma bravata de toureiro em defesa da sacrossanta ”liberdade de expressão”. Podemos portanto dormir tranquilos. Há uma vanguarda prontinha a puxar pelo gatilho. Esta ”retórica belicista”, à superfície apenas tonta, revela um desejo confrontacionista profundo, e é a crista de uma onda populista anti-islâmica que varre a Europa como um perigoso ‘tsunami’. Que existia um ‘tsunami’ anti-ocidental no Islão, já sabíamos, mas não sabíamos que existia um ‘tsunami’ anti-Islão na Europa. Como Osama queria, e o Irão deseja. Quem contrariar estes ‘tsunamis’ é, notem bem, cobarde.

”A guerra do Terror” veio para ficar. Aumentou brutalmente o número de Ocidentais mortinhos por atacar à bomba o Irão. Obviamente, isso não será considerado uma ”agressão ocidental”, mas um acto perfeitamente justificado, perante as circunstâncias.

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Domingos Amaral, Director da revista ”Maxmen”

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